O escritor e dramaturgo amazonense Márcio Souza faleceu na madrugada desta segunda-feira, 12, aos 78 anos, em Manaus. A informação foi trazia em primeira mão pelo Portal Único e confirmado por fontes da Secretaria do Estado de Cultura (SEC).
De acordo com a família de Márcio Souza, ele passou mal na noite de domingo, 11, e foi levado um Serviço de Pronto Atendimento (SPA), na capital amazonense. Lá, ele teve uma crise de diabete e, logo depois, uma parada respiratória.
A editora Valer lamentou a morte do escritor, que foi acima de tudo um dos grandes intelectuais da Amazônia. Márcio Souza era uma das mais importantes vozes da moderna literatura brasileira.
“Para nós, da editora Valer, essa é uma notícia que nos pegou desprevenidos, porque sempre esperávamos mais obras de Márcio e, também, de desfrutar da sua companhia, dado que ele era um dos maiores conhecedores das Amazônias e um dos nossos maiores intelectuais, um grande conhecedor da literatura, do teatro e do cinema. Nós lamentamos profundamente a morte de Márcio Souza”, disse a coordenadora editorial da Valer, Neiza Teixeira.
O Governo do Amazonas também lamentou a morte do romancista e decretou luto oficial de três dias.
“O governador Wilson Lima se solidariza à família e amigos do escritor e ressalta a importância que Marcio Souza teve para o estado, contando a história do Amazonas e da Amazônia para o mundo com imenso e singular brilhantismo”, disse a nota.
Nascido em Manaus, em 1946, Márcio Souza é autor de várias obras sobre a região amazônica. Filho mais velho de um operário gráfico e de uma dona de casa, desde cedo se mostra apaixonado por literatura, paixão herdada do pai que gostava de ler e incentivava o filho.
Tal incentivo foi determinante para que já adolescente, aos 14 anos, escrevesse críticas nos jornais de Manaus e aos 17 anos se mudasse para São Paulo para estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP).
Na Faculdade, passou a escrever roteiros e trabalhou como assistente de produção e direção em curtas e médias para a Boca do Lixo.
Em 1967, aos 21 anos publicou o primeiro livro: “O mostrador de sombras”.
Na época, sai do Brasil e viaja por várias cidades do mundo: Nova York, Paris, Londres, Amsterdã, Bogotá e Lima. A experiência de conhecer outros países foi fundamental para o amadurecimento do jovem que volta ao Brasil em 1973 e passa a dirigir o teatro experimental do SESC.
Produz o filme “A Selva” e trabalha ao mesmo tempo na pesquisa e escrita de um livro que se tornaria um sucesso na sua carreira literária: “Galvez, o imperador do Acre”, lançado em 1976.
Depois, escreveu outras obras importantes no cenário nacional e internacional tais como “Mad Maria”, “A ordem do dia” e “A condolência”.
Como administrador, foi diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas, diretor da Biblioteca Nacional e presidente da Funarte.
Márcio também foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como palestrante, foi convidado pela Universidad de San Marcos, Sorbonne, Toulouse, Aix-en-Provence, Heidelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlim, Harvard e Santiago de Compostela.
O autor foi ainda presidente do Conselho Municipal de Política Cultural e se tornou membro da Academia Amazonense de Letras.
Em mais de 50 anos dedicados à cultura amazonense, Márcio Souza reacendeu a história de um lugar sagrado por natureza.
Em um de seus livros, “Amazônia Indígena” reverencia os que vivem na terra há séculos, através de seus ancestrais, nos mostra as polêmicas ambientais e aponta a força de um povo que vê a Amazônia como vida e tem no território sua casa, no tempo sua história e nas crenças, sua fé.