Causos de Bambas

Saci x folclore

Postado por Simão Pessoa

Por Mouzar Benedito*

Quando conto causos do Saci, da Mula sem Cabeça e de outros seres que vivem na nossa imaginação, algumas falam que isso é parte do folclore brasileiro.

Verdade, mas não uso a palavra folclore, falo sempre em cultura popular brasileira.

Podem achar que é trocar o verde por meia dúzia, mas insisto nisso. Folklore, em inglês, significa conhecimento popular, mas prefiro não usar essa palavra. E tenho motivos pra isso.

Primeiro é que quando se fala em folclore, as pessoas pensam em coisas do passado, que não têm nada de atualidade. Não é isso, os folcloristas dizem que o folclore é dinâmico, é criado dia a dia pelo povo, é o conhecimento popular que se renova.

Mas não adianta: na cabeça do povo folclore é coisa ultrapassada.

Outra coisa é quando falam de pessoas folclóricas, para quem fala e faz besteiras e não é levado a sério.

Muitos jogadores e dirigentes de futebol engrossam o time dos folclóricos. Vicente Matheus, era um deles. Quando era presidente do Corinthians, falava muitas bobagens, e faziam muitas piadas sobre ele. Uma época, vários times queriam comprar o Sócrates, craque do time. Outros pediam o jogador emprestado. Vicente Matheus disse: “O Sócrates é invendável e imprestável”.

Agora vamos para a política. Tá cheio de político folclórico, que só fala e faz besteiras, mas Benedito Valadares ex-governador de Minas Gerais, foi um dos mais famosos.

Numa ocasião, uma equipe encarregada de apurar causas de acidentes ferroviários que estavam acontecendo com uma certa frequência, com trens da estatal Rede Mineira de Viação, apresentou a ele um relatório informando que a maioria dos acidentes ocorria por descarrilamento do último vagão. Como resolver isso? Valadares mandou tirar todos os últimos vagões dos trens!!!

Eu outra ocasião, lendo um discurso que obviamente escrito por um assessor, ele disse: “Minas é o celeiro do Brasil e cuíca do mundo”. Onde estava escrito quiçá, ele leu cuíca.

E em São Paulo? Um dos mais famosos foi Adhemar de Barros. Além de folclórico, diziam que era corrupto. Uma vez disse num comício, batendo a mão no bolso: “Falam que eu roubo, mas neste bolso, mas neste bolso nunca entrou dinheiro roubado”. Lá do meio da multidão, alguém gritou: “Calça nova, hein?”.

(*) Mouzar Benedito é escritor, geógrafo e contador de causos.

Sobre o Autor

Simão Pessoa

nasceu em Manaus no dia 10 de maio de 1956, filho de Simão Monteiro Pessoa e Celeste da Silva Pessoa.
É Engenheiro Eletrônico formado pela UTAM (1977), com pós-graduação em Administração pela FGV-SP (1989).
Poeta, compositor e cronista.
Foi fundador e presidente do Sindicato de Escritores do Amazonas e do Coletivo Gens da Selva.

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