Agosto de 1982. Reunidos em torno de uma garrafa de uísque paraguaio, três empresários da construção civil em situação pré-falimentar fazem especulações sobre o futuro político do Amazonas.
– Para governador, eu vou apoiar a candidatura do Josué Filho, do PDS, a pedido do Josué Cláudio de Souza, que é meu amigo há muitos anos – confessa Ézio Ferreira, dono da construtora Solo.
– Eu estou me inclinando a apoiar o Gilberto Mestrinho, do PMDB, a pedido do empresário Adib Mamede, que é meu amigo há muitos anos – diz Amazonino Mendes, dono da construtora Arca.
– Eu ainda não me decidi entre Plínio Coelho, do PTB, ou Osvaldo Coelho, do PT, mas acho que vou acabar apoiando os dois pra matar dois coelhos com uma só cajadada – ironiza Porfírio Almeida, dono da construtora Rodal.
Os três firmam um pacto de cavalheiros. Fosse quem fosse o eleito, aquele que estivesse ao lado do vencedor evitaria que os demais fossem discriminados nas licitações de obras públicas do governo.
Na eleição de novembro, Gilberto Mestrinho derrota Josué Filho e conquista o governo do Amazonas pela segunda vez.
Em dezembro, o empresário Ézio Ferreira telefona para Porfírio Almeida, sem esconder a euforia:
– Mano velho, nem te conto a maior! O Adib Mamede e o João Thomé Mestrinho estão trabalhando duro nos bastidores para o Amazonino ser o novo prefeito da cidade!
– Ah, corta essa, Ézio! – rebate Porfírio. – É mais fácil um boi voar do que o governador Gilberto Mestrinho nomear o Amazonino prefeito de Manaus… Eles mal se conhecem…
No início de março de 83, Ézio dispara um novo telefonema para Porfírio:
– Mano velho, tu não vais acreditar… O boi voou!
Gilberto Mestrinho acabara de sacramentar a nomeação de Amazonino Mendes para prefeito de Manaus, que, a partir daí, daria início a uma das mais vertiginosas carreiras políticas da história do Amazonas.