Por Simão Pessoa
Dezembro de 1971. Namorada do Mário Adolfo, Maria Teresa Figueiredo, a “Teca”, havia ido passar as férias com a família no Rio de Janeiro, quando a saudade do cartunista apertou. Munido de cinco fichas telefônicas, Mário Adolfo encontrou-se casualmente com Chico Costa, que vinha descendo a Rua Borba, e ganiu, desesperado:
– Pô, Chico, eu preciso telefonar urgente pra Teca, mas ainda não achei um telefone público aqui no bairro. Você sabe aonde eu posso encontrar um orelhão?
– Ali em frente ao grupo Carvalho Leal tem dois orelhões! – avisou displicentemente Chico Costa, se preparando para entrar em casa.
Meia hora depois, Mário Adolfo estava batendo na casa do Chico Costa para tomar satisfações, puto da vida.
– Porra, bicho, eu já andei aquele quarteirão inteiro em volta do Carvalho Leal e não encontrei os dois orelhões. Você é muito mentiroso!…
Chico Costa levou Mário Adolfo até o meio da rua e apontou em direção ao grupo:
– Você está vendo aquela taberna ali, no canto da Rua Borba com a Rua J. Carlos Antony? Aquela é a taberna do Dom Ratão. Entra lá que tu vais ver os dois orelhões que ele tem…
Mário Adolfo queria briga.
Dom Ratão era o apelido carinhoso do comerciante José Garcia, pai do blogueiro Zé “Pávulo” Garcia e do sociólogo João Garcia.
Justiça seja feita, o homem tinha um par de orelhas de fazer inveja.