Por Max Altman
A exemplo de qualquer estilo de música, o hip hop tem suas raízes em outras formas musicais e sua evolução foi moldada por muitos diferentes artistas. A diferença é que esse estilo surgiu precisamente em 11 de agosto de 1973, numa festa de aniversário num salão de festas de um prédio de apartamentos no West Bronx, um dos bairros negros de Nova York.
O local desse nascimento foi a avenida Sedwick, 1520 e o homem que agia como mestre de cerimônias dessa festa histórica foi Clive Campbell, irmão da menina que aniversariava, que entrou para a história como DJ Kool Herc, o pai do hip hop.
Nascido e criado até os 10 anos em Kingston, Jamaica, DJ Kool Herc começou a tocar seus discos de black music em festas e nos intervalos das apresentações da banda em que seu pai tocava, quando ainda era adolescente no começo dos anos 1970.
Kool Herc frequentemente imitava o estilo dos DJs jamaicanos, que costumavam falar muitas abobrinhas durante a parte instrumental das músicas, mas seu significado histórico nada tem a ver com o rap ou o toast. A contribuição de Kool Herc ao hip hop foi ainda mais fundamental.
A inovação do DJ Kool Herc surgiu pela observação de como as multidões reagiam as diferentes partes de fossem quais fossem os discos que aconteciam ser tocados.
“Percebi que as pessoas costumavam esperar por uma determinada parte do disco para dançar, talvez devido ao seu peculiar modo de se movimentar a partir de uma determinada base rítmica”, diz ele.
Esses momentos tendiam a ocorrer nos “breaks” em que só a bateria tocava – ou seja, nas passagens do disco em que os vocais e outros instrumentos cessavam de cantar e tocar completamente substituídas por um ou dois intervalos de puro ritmo.
O que Kool Herc decidiu fazer foi usar os dois toca-discos num característica disposição de um DJ – não como meio de fazer uma suave transição entre dois discos, mas como meio de ir e voltar repetidamente entre duas cópias de um mesmo disco, estendendo desse modo a curta intervenção da bateria que os dançantes mais gostavam de ouvir.
Kool Herc chamava esse truque de “Merry Go-Round”. Hoje é conhecido como Breakbeat e ganhou vida própria.
Ou seja, o Breakbeat é uma vertente da música eletrônica, com a técnica do back-to-back, dois discos iguais e um mixer, repetindo exaustivamente uma determinada parte da música original.
Atualmente, o Breakbeat é mais conhecido como uma música que se caracteriza pelos samplers de ritmos hip hop, funk e electro e que logo se modificam e alteram para criar os denominados “breaks”.
A cultura Breakbeat é extensa e tem suas raízes no techno do início dos anos 1980 e no hip-hop.
Ele alcançou sua expansão mais importante quando artistas incorporaram estes breakbeats ao hardcore techno, com suas tonalidades escuras e rápidas que pouco a pouco se transformaram em um novo estilo: o jungle, posteriormente denominado drum and bass.
O Breakbeat se manteve como um ritmo próprio e está começando a nutrir novas formas e subgêneros: o BigBeat (que incorpora elementos do rock), o AcidBreak (com o TB-303s), o EletroBreak (mais sintético), o FunkyBreak (com elementos funk), dentre outros.
No verão de 1973, o DJ Kool Herc vinha usando e refinando seu estilo Breakbeat na maior parte do ano.
A festa de sua irmã no dia 11 de agosto foi o ponto de partida, colocando-o posteriormente diante da maior plateia que jamais o assistira, valendo-se do mais poderoso sistema de som com que jamais trabalhara.
Foi um enorme sucesso e deu inicio a uma revolução musical, seis anos antes que a expressão “hip hop” entrasse no vocabulário popular com o megassucesso “Rapper’s Delight”.