Elisa Maia – Cantora, compositora e produtora cultural, Elisa Maia nasceu em uma família musical, em Manaus, em 1978. Seus pais cantavam na igreja e assim que pôde ela já começou a participar das canções com eles em sessões especiais aos domingos. Aos 8 anos iniciou seus aprendizados no Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (CAUA), onde durante 10 anos estudou piano, flauta e violão. Também participou desde criança de corais, mais tarde sendo regente de alguns deles. Aos 21 anos, iniciou sua trajetória artística, integrando a banda amazonense de reggae Johnny Jack Mesclado durante oito anos. Com o grupo, circulou por diversos Estados brasileiros e gravou dois álbuns (“Que Jah Abençoe” e “Luz de Raiz”). Ainda participando o projeto, Elisa cursou a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, chegando a atuar na área.
Em 2010, a cantora deixou a Arquitetura definitivamente e, além de se dedicar à carreira musical, passou a integrar o grupo Coletivo Difusão, com quem até hoje desenvolve projetos na área da cultura como o Festival Até o Tucupi que há 14 anos acontece ininterruptamente e o Festival Somas – Parada Musical de Mulheres, que em 2018 e 2019 propôs um espaço de reflexão e difusão das artes, 100% protagonizado por mulheres na cidade de Manaus.
Em 2013, dando início ao seu trabalho solo, lançou o EP “Ser da Cidade”, com cinco músicas de sua autoria – “Me Chama Pra Pista”, “O Que É Melhor”, “Para Musos”, “Falta” e “Ser Da Cidade” –, em um processo que envolveu músicos e parceiros de Manaus, Belém (PA) e Rio de Janeiro (RJ), apostando na construção de sua trajetória musical como um processo contínuo, dando passos do tamanho que acredita ser possível, viável, sustentável.
– Estou encerrando um ciclo para recomeçar outro, dando novos passos, ainda desconhecidos, imprevisíveis, instigantes, mas entregando e também apresentando músicas que me acompanham há tanto tempo, com uma “cara”, enfim, definitiva, que me representa – disse a cantora, ao lançar o disco. – O EP faz essa função de me levar pra frente, abrindo os caminhos para o que ainda há de vir. Sem pressão, mas com um norte mais definido.
A gravação do EP juntou parceiros interessantes que assinam a produção musical e a mixagem, respectivamente, Leo Chermont (da nova geração de promissores músicos paraenses e guitarrista da banda de instrumental Strobo) e o carioca Alex Moreira (veterano produtor, indicado duas vezes ao Grammy, que também faz parte da banda Bossacucanova, que repagina a bossa nova utilizando a música eletrônica). As faixas foram produzidas e gravadas em Belém (instrumental), mas a gravação de voz, sob a tutela da preparadora vocal e cantora Cris Delanno (Bossacucanova), foi feita no Rio de Janeiro. A produção executiva ficou a cargo do Coletivo Difusão.
Para dar mais peso à sua cantoria, Elisa Maia buscou inspiração na cidade onde nasceu e reside – Manaus – e em seus aspectos contrastantes (o calor e a umidade da floresta amazônica, os caminhos sinuosos dos rios, o polo industrial, o trânsito, o caos urbano e a noite quente), em que a compositora, também com o olhar de arquiteta que é, “coloca sua moldura” e “pinta seu quadro” em canções que falam de relações/aspirações inerentes a qualquer grande cidade do Brasil e do mundo. Na sonoridade, alguns elementos da música negra (soul, reggae, R&B) foram o fio condutor da produção. Tão logo o EP foi lançado, Elisa Maia saiu em turnê apresentando seu “Ser da Cidade”, numa circulação inédita, percorrendo seis capitais da região norte – Belém, Macapá, Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista e Manaus –, numa jornada de 10 dias e quase 15 mil quilômetros percorridos, patrocinado pelo Banco da Amazônia (BASA).
O desafio seguinte de Elisa Maia foi lançar um EP audiovisual ao vivo intitulado “Dança Sozinha Sessions”. O projeto traz quatro faixas que exploram uma diversidade de estilos musicais, trazendo influências que vão do rock noventista até bases de reggae, R&B e programações eletrônicas. O EP inclui as canções já lançadas anteriormente, como videoclipes: “Luas Pra Tantas Faces”, “Sol De Setembro”, “Todo Poder Curativo” e “Beleza”. No entanto, nestas novas versões ao vivo, Elisa Maia oferece novas nuances vocais e arranjos reeditados, além de incorporar elementos audiovisuais inéditos.
As filmagens ocorreram no final de 2021 em dois teatros distintos e em um estúdio de música, proporcionando diferentes atmosferas e narrativas aos videoclipes originais. Elisa Maia assume a direção artística e musical do projeto, onde expressa suas influências rítmicas. As letras abordam temas profundos e poderosos, incluindo reflexões sobre o corpo, autoestima, desilusões amorosas, solidão, ansiedade, angústia, redenção e força, todas extraídas de suas experiências pessoais como cantora e compositora.
– Acaba que a sessão ao vivo cumpre a missão de fazer com que a minha música e a minha voz cheguem aonde ainda não cheguei, inclusive pra públicos que não foram atingidos pelas versões originais das músicas. O projeto é também uma celebração da minha imagem, do meu corpo. Sou uma mulher negra, de uma Amazônia urbana com poucas referências e meu trabalho é atravessado pelas vivências nesse lugar. No fim, dançar sozinha é se recompor também para o coletivo – explica a cantora.
Em 2022, a cantora foi contemplada no edital Natura Musical para execução de seu novo álbum, concorrendo com 3 mil candidatos de todo o país. O projeto aprovado inclui músicas e videoclipes, além de vivência e colaboração com os cantores também amazonenses Karen Francis e Ian Lecter. Um documentário acompanha as experimentações, a rotina de produção e o processo criativo de três referências da música recente na Amazônia.
A arte negra e periférica amazonense encontra na Zona Norte de Manaus expoentes com alta performance e relevância na produção feita na Amazônia. Tanto Elisa, quanto Karen e Ian são moradores da região. O produtor e cantor Estêvão Queiroga também é um dos nomes confirmados na colaboração deste projeto, que ainda promete mais parcerias.
O edital Natura Musical já possibilitou trabalhos gigantescos para a memória e música do país, como “Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, vencedor do Grammy. Outros artistas como Gaby Amarantos, Dona Onete, Fafá de Belém, Linn da Quebrada, Rincon Sapiência também já tiveram seus trabalhos financiados através da iniciativa que valoriza projetos pautados em inclusão, equidade e a mobilização de uma rede cultural crítica e integrada no Brasil.

A cantora e compositora Cinara Nery
Cinara Nery – Nascida em 1969, em Manaus, Cinara Nery iniciou sua trajetória artística em bandas de baile e festivais de música. Em 1984, com apenas 15 anos, ganhou o prêmio de melhor intérprete no Festival da Canção Popular do Sesc Amazonas, deixando o grupo Carrapicho em segundo lugar. Mas a carreira musical de Cinara só começou pra valer em 1994, logo após ela se formar na Faculdade de Economia.
Depois de rodar por sete anos o circuito cultural manauara, com apresentações em shoppings, restaurantes, casas de shows, eventos e até no Teatro Amazonas, Cinara Nery lançou o álbum de estreia, em 2001, que abriu as portas para a artista tocar em diversas capitais do brasil, como Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.
Formada em música em 2001 pela Universidade Federal do Amazonas e pós-graduada de musicoterapia, Cinara Nery também faz parte da Academia de Letras, Ciências e Culturas da Amazônia e da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-Amazônicos. Em 2016, veio o segundo disco, “Pérolas do Meu Igarapé”, gravado ao vivo. Em 2024, para comemorar os trinta anos de carreira musical, a artista lançou um novo disco, um curta metragem autobiográfico e fez um show no Teatro Amazonas. Todo esse material está disponível na plataforma YouTube.

A cantora e compositora Lorena Simpson
Lorena Simpson – Com o hit “Brand New Day”, de 2008 (em parceria com DJ Filipe Guerra), Lorena Simpson se consagrou na House Music internacional. Natural de Manaus, iniciou sua carreira como dançarina aos 11 anos. Em 2006, compôs o elenco de dançarinos e coreógrafos da cantora Kelly Key.
Em 2008 lançou o primeiro single, intitulado “Feel Da Funk”, alcançando a 26ª posição no Hot Club Dance Play. Em 2010, Lorena foi nomeada Embaixadora da Diversidade Sexual no México, ficando entre as cinco artistas mais tocadas do país.
Aos 30 anos, Lorena Simpson possui um grande público LGBTQ+ e faz de sua arte uma militância contra a intolerância de gênero. Sem dúvida, uma das artistas manauaras com trabalho mais consistente e bem produzido nesta área.

A cantora Fátima Silva
Fátima Silva – A artista que se considera uma cantora autodidata, começou sua trajetória cantando em casas noturnas de Manaus, participando do projeto cultural “Mulheres do Brasil”. Fátima fez muito sucesso na bilheteria do Teatro Amazonas, com a composição de samba “Maria Maria”.
A cantora participou do Festival de Música do Amazonas, e em outros festivais conquistou o primeiro lugar como melhor intérprete. A artistas também realizou apresentações no Teatro Gebes Medeiros, participando de espetáculos como “Paixão Louca Paixão” e “Elas Cantam Samba”.
A cantora revelou que se afastou do grupo “Elas Cantam Samba” quando precisou cuidar da saúde. “Tenho um tratamento contra um câncer desde 2014 até hoje, e é com força de vontade e muita fé em Deus que tudo isso faz com que eu tenha vontade de viver. Meu parceiro inseparável sempre me incentivando, não deixando me abater, meu violonista Valdino Junior”, comentou Fátima.

A cantora e compositora Karine Aguiar
Karine Aguiar – Com dois discos lançados e uma voz aveludada e singular, a cantora, compositora e pesquisadora amazonense Karine Aguiar atua profissionalmente desde 2007. Em 2012 lançou “Arraial do Mundo”, primeiro disco da carreira, no qual propõe o Jungle Jazz (mescla de jazz e ritmos da Amazônia). O disco ganhou o prêmio “Brasil.Fr” de melhor CD de música popular brasileira na França.
Em 2014, Karine se apresentou na sede da Unesco, em Paris, acompanhada pelo baterista/percussionista e marido Ygor Saunier, para uma plateia de 1.500 pessoas.
Em julho de 2016, gravou o disco “Organic” com a produção do jazzista norte americano Matthew Parrish, gravado nos estúdios Trama e com a participação de grandes nomes da música brasileira e mundial dentre eles, o pianista Fábio Torres, do Trio Corrente, e o violonista Guinga.

A cantora Lucilene Castro
Lucilene Castro – A artista Lucilene Castro é conhecida por seus projetos com músicas que retratam a realidade amazônica, com suas linguagens e temáticas. A sua carreira começou quando a cantora se apresentava nas noites manauaras, cantando samba em bares e restaurantes. Integrante do projeto “Elas Cantam Samba”, Lucilene cantava ao lado de Fátima Silva, Márcia Siqueira e Cinara Nery, nomes de referência no samba manauara. Além disso, Lucilene Castro faz parte da história do boi-bumbá e suas toadas. A artista também participou de eventos na Alemanha e França.
– Acredito que para o povo amazonense as minhas músicas representam um pouco de verdade, daquilo que é nossa identidade cultural, somos um povo eclético. Então eu vejo que canto um pouco de tudo e assim, dentro do meu repertório, o público vai sempre se identificar com alguma coisa – explica Lucilene.
Em 2019, ela foi a única artista escolhida para representar o Amazonas na 6ª edição do Prêmio Grão de Música Brasileira, realizado em São Paulo. Além do troféu, os vencedores participam da coletânea Grão de Música, um CD de canções disponibilizado para o público no formato digital e gratuito através do site oficial do prêmio.
– Acho que é o reconhecimento de algo que a gente vem desenvolvendo há muito tempo. Tenho 25 anos de carreira e acho que essa é a cereja do bolo. É o reconhecimento de que o que a gente acredita não está sendo em vão, tem um retorno e as pessoas estão tendo acesso, fala de uma coisa legal. Fico lisonjeada e feliz de saber que estamos em um caminho certo – diz a intérprete.
Lucilene revela que a indicação à curadoria do prêmio foi feita por meio do amigo Joaquim Melo, produtor cultural e criador do projeto Tacacá na Bossa. Ela aproveitou ainda para ressaltar o encanto dos jurados pela música amazônica ao premiarem uma voz de destaque do Amazonas pelo segundo ano consecutivo.
– Foi o Joaquim que enviou o meu trabalho junto ao de outros artistas locais e felizmente fui contemplada. No ano anterior, eles convidaram a Márcia Siqueira, e esse ano optaram pelo meu trabalho “Cantos da Amazônia”, com a canção “Iurupixuna”, cantada em tupi-guarani – vibra ela.
Dona de uma voz versátil, Lucilene Castro não hesita em transitar por onde sente vontade. Fez desse passeio musical parte de sua identidade ao longo de 25 anos. Consolidou-se na história da música amazonense como a primeira cantora a gravar um CD inteiro somente com toadas de boi-bumbá. Com oito CDs gravados e mais um prestes a sair – o disco “Elas Cantam Samba” em parceria com Márcia Siqueira e Cinara Nery – a cantora se orgulha do seu legado em diferentes gêneros musicais.
– Já gravei tanta coisa, samba, boi, MPB, música folclórica, carimbó, balada. Eu como intérprete me sinto à vontade de assumir vários papéis, de trabalhar qualquer estilo e ritmo que a música brasileira possa me oferecer. Acho que quando você faz o que gosta, acaba dando certo – completa ela.

A cantora Djuena Tikuna
Djuena Tikuna – Primeira artista indígena a protagonizar um espetáculo no Teatro Amazonas, Djuena Tikuna lançou seu primeiro disco em 2017, intitulado “Tchautchiüãne” (“Minha Aldeia”), no qual mescla elementos musicais do povo tikuna a influências da World Music em uma arte engajada e militante. A cantora e jornalista tem se destacado no cenário nacional com participações em eventos como a RIO+20 e na gravação do audiovisual “Demarcação Já!”, uma homenagem de mais de 25 artistas aos povos indígenas do Brasil, com letra de Carlos Rennó e música de Chico César.
A cantora se apresentou com Maria Gadu e Caetano Veloso na Conferência Cidadã, em São Paulo, uma reunião entre artistas, ativistas, indígenas, parlamentares e movimentos sociais para debater e pensar os desafios do país. Entre outras coisas, o disco “Tchautchiüãne” foi indicado à maior premiação musical indígena do mundo. Foi a primeira vez que uma artista indígena do Amazonas recebeu indicação para o “Indigenous Music Awards”’, realizado anualmente no Canadá.

A cantora Carol Luna
Carol Luna – Considerada a melhor cantora de reggae da nova geração, Carol Luna tem uma voz afinada e manda muito bem nas suas mensagens sobre positividade, inclusão social e críticas ao consumismo desenfreado.
Entre seus hits nas plataformas digitais estão “Eu Sei Que Não Tô Só”, “Mais Uma Vez”, “Chega De Tanta Maldade” e “Fé Na Mudança”.

A cantora e compositora Ana Lu
Ana Lu – A cantora e compositora Ana Lu é a principal representante roraimense do pop reggae, não só de Roraima, mas de toda a Região Norte. Ana Lu possui dois trabalhos lançados: uma coletânea, com outros artistas, e o CD “Luz e Som”, produzido em Porto Velho (RO), com músicas autorais. A jovem faz shows pela Região Norte e vem conquistando o público, com uma voz suave, talento e uma beleza estonteante.
Suas letras possuem mensagens de amor, paz, motivações e reflexões, as canções autorais exploram as vertentes do reggae e brincam com o pop, mas também possuem influências do jazz, soul e blues. A cantora tem uma banda em Porto Velho e em outros locais geralmente se apresenta apenas com voz e violão.
– Meu primeiro CD foi gravado em Porto Velho, com arte em Manaus e fotos feitas em Tepequém, misturando Rondônia, Amazonas e Roraima. Fiquei muito feliz com o resultado que se transformou em um trabalho nortista – diz a cantora. As músicas do CD estão disponíveis nas plataformas digitais como Deezer e Spotify.
As canções foram escritas por Ana Lu que diz que compôs de forma muito natural. “Eu não parei para escrever as canções, elas vão surgindo quando estou brincando com o violão. E vem um acorde, vem outro, e vem uma frase, é muito aleatório, basta estar tocando e estudando a música”, contou. Ana diz que começou na música ainda criança quando participou de um coral, mas passou por um hiato que durou doze anos onde não teve contato com o cenário musical.