Club dos Terríveis

Cadê o ABBA do meu Channel?

Postado por Simão Pessoa

Por Ishtar Hedonista, a “Hedôzinha”

Tô deprê… Sim, meus queridos e fofuchos leitores, até uma mulher hype-dance-in-pop-kitsch-tudo tem seus momentos de depressão…

Quarta-feira ensolarada, calor do quinto dos infernos, aquela música do Michel Teló tocando no quarto da empregada sem parar e a rainha Marta fazendo uma puta cagada em Paris… Aqui estou eu, agarrada ao meu Barbapapa de pelúcia, em posição fetal, tão comigo mesma, encolhidinha, o ar condicionado a mil por hora e mil pensamentos na cabeça…

Cadê Jean-Michael Vincent? Cadê Djenane Machado? Cadê Élida L’Astorina? Cadê Lucélia Santos? Cadê o cachorrinho pequinês? Oh meu Deus!!! Alguém pode me dizer por misericórdia o que aconteceu com os pequineses?

Sim… Aquela raça que foi um must nos anos 70 e 80! Todo mundo tinha um pequinês… Ou pelo menos, já foi incomodado por aquela gracinha peluda, de dentes salientes, olhinhos esbugalhados e um humor do cão (ai, que redundante!). Prometo que farei uma investigação sobre o assunto.

Ai, de repente me sinto tão Dana Sculy em Arquivo X. Já posso me ver levantando às seis da matina (ui… momento realmente de ficção dessa colunista) e abordando as senhoras do edifício Aruba no calçadão da Black Point… “Escuta aqui vovó… Não se faça de desentendida! Tire esses óculos enormes da cara e me diga logo o que fez com o seu cachorrinho pequinês!”

E eu toda modelito aeróbico, na Ponta Negra, dando uma dura numa velhinha… oops, sorry… numa “representante da terceira idade”: “A senhora lembra sim! Pequinês… baixinho, peludinho, chatinho… Não, não me venha com este poodle! Isso aí é um gremlin disfarçado! Tá querendo me enganar, é?…”

Seriam os poddles disfarces para os pequineses? A troco de quê? Seriam os pitbulls, na verdade, pequineses que sofreram mutações? (pausa para a colunista morder o dedinho e ficar com um ar pensativo… Quem disse que eu não tenho um ar pensativo?)

Aaaah… não adianta fofuchos. Sei que vocês vão mandar comentários do tipo: “Saia dessa deprê, Hedô… A gente te ama!…” Mas não vai adiantar. Sabe como é mulher de aquário, né? Emotiiiiva, frágil, carente. Sinto que nada nas próximas 24 horas me fará levantar da cama, largar meu Barbapapa e sorrir para o mundo.

Nem se Alec Baldwin tocasse o interfone e dissesse que está me esperando lá embaixo, cheio de amor pra dar. Não, não… Nem se Alec e William Baldwin estivessem me esperando lá embaixo… Tá… Se os dois estivessem lá, eu daria uma olhadinha de leve pela janela.

O clã Baldwin

Aliás, nem se Alec, William e Stephen Baldwin estivessem me esperando lá embaixo… Tá, tá, tá! Me jogaria pela janela direto para os braços dos bofes-Baldwin, cantando uma versão de “It’s Raining Men” chamada “It’s Raining Me”. Uma mulher moderna sabe que depressão não é sinônimo de burrice. Aprendam. (Pausa para um suspiro saudosista).

Coloco “The Winner Takes It All” na vitrola (of course que eu tenho uma vitrola). Nada como o grupo Abba pra fazer a gente refletir sobre a condição humana… E eu que pensava que aqueles suequinhos fofos nunca se separariam… Ilusão… Mulher de aquário, né?…

Me lembrei do clipe dessa música: Eles estão numa mesa de restaurante, bebendo, rindo, felizes, enquanto a lourinha Agnetha canta, séria, emburrada. Eles passeiam pela praia, rindo, felizes… Agnetha canta, séria, emburrada.

Eles se abraçam, rindo, felizes… Agnetha cant… Pra falar a verdade, o clipe acaba justamente quando eu jurava que Agnetha daria um pití, armaria o maior barraco e desceria o cacete em seus companheiros, gritando (em sueco): “Porra, eu aqui me esgoelando pra cantar essa musiquinha triste e vocês rindo feito umas hienas. Tão gozando da minha cara, é? Só porque eu errei no tom da minha tintura, é? Só porque a maquiadora do clipe resolveu me sacanear e colocou um quilo de maquiagem na minha cara, é? Só porque eu tô parecendo a Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo, é? Rindo de quê? De quê? Que porra de felicidade é essa?…”

Para falar a verdade, vendo o clipe de “The Winner Takes It All” e o humor de Agnetha você percebe que aquele grupo não duraria muito não. Pena. (Pausa para enxugar uma lágrima furtiva. Mulher de aquar… ah, deixa pra lá!). Beijitos.

PS: Não dava pra esse tal de Michel Teló ter furado a fila do Wando, não?…

Sobre o Autor

Simão Pessoa

nasceu em Manaus no dia 10 de maio de 1956, filho de Simão Monteiro Pessoa e Celeste da Silva Pessoa.
É Engenheiro Eletrônico formado pela UTAM (1977), com pós-graduação em Administração pela FGV-SP (1989).
Poeta, compositor e cronista.
Foi fundador e presidente do Sindicato de Escritores do Amazonas e do Coletivo Gens da Selva.

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