O caricaturista e compositor Antônio Gabriel Nássara morreu no Rio de Janeiro no dia 12 de dezembro de 1996. Ele tinha 86 anos e sofreu um infarto quando lia o jornal, de manhã, em sua casa, no bairro de Laranjeiras, zona sul da cidade.
Autor, junto com Haroldo Lobo, da marchinha de Carnaval “Alá-Lá-Ô”, Nássara era casado, mas não deixou filhos. Seu corpo foi enterrado no cemitério do Caju (zona portuária do Rio).
Considerado um dos maiores caricaturistas do Brasil de todos os tempos, Antônio Gabriel Nássara nasceu no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, no dia 11 de novembro de 1910.
Filho de libaneses, aos dois anos mudou-se para o bairro de Vila Isabel, na mesma rua onde morava o compositor Noel Rosa, com quem, mais tarde, faria parceria na música “Retiro da Saudade”.
Lá, fez amizade com grandes personagens da música e da boêmia da cidade, como Braguinha, Haroldo Barbosa e Orestes Barbosa, que se encontravam no Ponto de Cem Réis.
Em 1927, começou a trabalhar no jornal O Globo. No ano seguinte, entrou no curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas-Artes (ENBA).
Com os colegas do curso, formou um conjunto musical chamado “Turma da ENBA”.
Em 1932, abandonou a escola, passando a trabalhar somente como caricaturista.
Produziu charges em vários jornais e revistas, como Última Hora, A Crítica, O Cruzeiro, A Noite, entre outros.
Também chegou a trabalhar, por seis meses, na Rádio Philips, no “Programa do Casé”.
Entre uma caricatura e outra, compunha músicas. Seu primeiro sucesso foi a marcha “Formosa”, uma parceria com J. Rui, lançada no Carnaval de 1933 pela dupla Mário Reis e Francisco Alves.
Em 1939, sua música “Periquitinho Verde” tornou-se grande sucesso. “Meu periquitinho verde / Tire a sorte por favor / Eu quero resolver / Este caso de amor / Pois se eu não caso / Neste caso vou morrer”, dizia a canção.
“Florisbela”, música que fez junto com Frazão, chegou a ser gravada, no final da década de 30, por Sílvio Caldas.
Continuou atuando nos anos 40 e 50, quando sua produção começou a diminuir. Nos anos 70, passou a colaborar no semanário “Pasquim”.
Em 1985, seu trabalho foi tema do livro “Nássara Desenhista”, de Cássio Loredano, publicado pela Funarte.
A partir de amanhã, começaremos a publicar, aqui na seção “Memória Viva”, a biografia do compositor-cartunista feita pela escritora Isabel Lustoza e publicada na Coleção Perfis do Rio, da Editora Relume Dumará.