Verso & Prosa

“A única religião do artista é ser picareta”, diz Gerald Thomas

Postado por mlsmarcio

Logo que Gerald Thomas topou nos dar esta entrevista, tratamos de nos preparar. Arrumamos um dicionário alemão-português para entender suas citações e compramos cem quilos de gelo-seco para produzir o efeito de fumaça que o diretor atormentado iria, com certeza, exigir. Estávamos nervosos, como numa estréia teatral. Quando ele chegou, nós nos demos a mão e gritamos o tradicional “merda”. O clima era tenso. Mas Gerald Thomas chegou tranquilo, falou por mais de duas horas sem mencionar nenhum autor alemão desconhecido, e a única fumaça do ambiente era a produzida pelos cigarros. E todos os cigarros tinham filtro. Com vocês, Gerald Thomas, o diretor de teatro alemão mais brasileiro de Nova York! (C&P, agosto de 1993)

Você é picareta?

Obviamente que sim. A única religião do artista é ser picareta. As picaretas servem para destruir paredes em caso de incêndio. Ser picareta é a única maneira de abrir buracos e enxergar através da fumaça.

Como foi que você ingressou no mundo da picaretagem? Estudou em algum CIEP (Centro Integrado do Estudo da Picaretagem)?

O picareta sai da escola porque não há lugar pra ele. Aí, como todo bom picareta, ele vai sentindo a área onde pode entrar melhor.

Mas como foi que você começou a picaretar?

Sinceramente, isso interessa a vocês?

Pra nós, nem um pouco, mas pode ter algum leitor que queira saber da sua vida. Afinal, nós só sabemos que você faz teatro, desmaia à toa, tem medo de barata é apegado à mãe. Tudo coisa de viado!

(RESIGNADO) Estudei no Colégio Pedro II, no Humaitá. Usava uma gravatinha azul, de pano, horrível! Eu nem ia ao teatro. A única peça que me lembro de ter visto quando criança foi My Fair Lady, com Rex Harrison. Esta eu vi sete vezes! Fora isso, não tinha o menor interesse por teatro.

Qual era o seu interesse então? Pegar mulher?

Desenho. Eu era ilustrador do New York Times.

No Pedro II?

(DE SACO CHEIO) Vocês querem uma cronologia absoluta!

Esta entrevista é o contrário de suas peças: as pessoas têm que entender. Você desistiu do desenho?

Desisti. Não dava certo.

Não dava certo? Publicando no New York Times?! Você queria o quê: fazer uma coletiva sozinho no MoMa?

O New York Times era uma maneira de ganhar dinheiro e pagar aluguel. Minha alta pretensão era ser pintor. Em casa, eu pintava.

Já sua mãe, antes mesmo de você nascer, dizia que você seria um gênio! Ela continua errando muitas previsões? Tá trabalhando na meteorologia? Previu também que a Brasil ia ganhar a Copa de 78?

Não. Depois dessa, internaram ela, coitada. Mas ter um filho gênio era uma coisa que ela não queria. Pra evitar isso, ela me encaminhou para o Colégio Pedro II, onde se matava qualquer instinto de genialidade.

Como então o teatro pintou na sua vida?

Durante um ensaio de O Balcão, de Genet, no Brasil. Tava passando um tempo aqui, era, hippie, cabeludo, perambulava pelas ruas. Se acontecia alguma coisa, um hippie chamava outro, que chamava outro, e assim um dia todo mundo acabou no ensaio do Vitor Garcia. Me encantei com aquela coisa maravilhosa Tinha um cenário com uma espiral enorme…

Aí a Ruth Escobar te contratou?

Não, voltei pra Londres e… (LEMBRANDO) achei um grupo de teatro e já cheguei cagando regra! Tinha lido Artaud e Beckett, dois autores que dão uma constipação tremenda e, quando sai, é uma cagação de regra total.

Pra você devia ser fácil dirigir uma peça em Londres: era só abrir tudo e deixar entrar o fog londrino. É daí que vem sua mania de fumaça? Onde há fumaça há Gerald Thomas!

Você acabou de responder à sua pergunta.

Qual a diferença entre suas peças e uma sauna a vapor na Alemanha?

A diferença é que nas minhas peças também se fala e você vai ter que pagar direitos autorias por essa pergunta pro Falabella!

O que você acha do teatro do Miguel Falabella?

Você vai me perguntar isso? Jura?

E depois vou perguntar o que você acha do teatro do Mauro Rasi, Sérgio Britto, Gugu Olimecha, de todos esses seus colegas!

O único que pode ter sido meu colega foi Sérgio Britto, com quem eu montei duas vezes.

Uma por baixo, outra por cima. Teve até aquela peça: Quatro Vezes Beckett Sem Tirar de Dentro. Quer dizer que você aprendeu a dirigir comprando carteira no Detran de Londres?

Não, eu já sabia dirigir: fui motorista até de ambulância!

(TERNAMENTE) Que coisa bonita: Gerald Thomas salvou muitas vidas! Por isso é que suas peças são dirigidas por você e guiadas por Deus?

Te juro que eu não pensava que as perguntas iam ser tão ruins assim!

Nosso modelo é o Clodovil.

Fiz o programa dele. Me lembro que tive que olhar para a lente da verdade… mas quem perguntou o que é Deus pra mim foi a Marília Gabriela. A pergunta do Clodovil era mais leve, tipo quanto eu tenho no banco. O interessante foi que ele começou a fazer um discurso anti-homossexual! Uma loucura! Perguntou se o Village e o Soho não eram um antro de homossexuais!

Imagina se o Clodovil ia saber disso: só anda em lugares de macho!

Adoro Clodovil, ele é legal. Num país como o Brasil, você vai gostar de programas pretensiosos? Tinha uma garrafa de vinho do Porto de plástico! No meio do programa começou a vazar… a produção do programa dava bronca no Clodovil, ele dava bronca na produção… e eu ali.

Isso porque você não foi no Samba de Primeira, do Jorge Perlingeiro. Vem cá, qual foi sua primeira peça que ninguém entendeu?

Minha primeira peça que ninguém entendeu foi A Tempestade, não a do Shakespeare, mas a minha, que pegava o personagem principal da peça dele.

Quando foi você começou a ganhar dinheiro com teatro?

Só de 82 pra cá é que vivo exclusivamente de teatro.

É verdade que você nunca saiu no meio de uma peça sua pro pessoal não pensar que você também não tava entendendo nada?

Não, mas anteontem, em Campinas, expulsei uma pessoa da plateia, pela primeira vez na vida. Era um cara que respondia a todas as falas do espetáculo! Por exemplo: tem uma cena de jantar onde a Nanda (FERNANDA TORRES) tá servida como um porco, numa bandeja, e o Damasceno tá comendo ela. Um outro ator chega e fotografa essa cena. Aí o cara (COM SOTAQUE DE PAULISTA): “É proibido fotografar o espetáculo!” O primeiro texto é um ator, bêbado, falando assim: “Somos mesmo” Somos mesmo!” E por aí foi…. O chamado boçal. Sabem quem ele era?

Orestes Quércia!

Não, o diretor do teatro!

Quem é o maior canastrão do teatro brasileiro?

Sem dúvida nenhuma, sou eu!

E quem são as melhores atrizes brasileiras?

Ih, rapaz! Como desceu o nível da entrevista! Melhores, não vou dizer, mas a mais sensual – sem sacanagem nenhuma – é Fernanda Montenegro.

E com sacanagem?

A filha.

É verdade que seu teatro é de família, primeiro a mãe depois a filha?

(RI MUITO E BATE PALMAS) Tá faltando o pai… mas o Fernando não volta aos palcos.

Você teve caso com todas as suas atrizes?

Isso é uma longa pergunta, rapaz. (PENSA) Pergunta dura…

Longa e dura!

Isso inclui Tônia Carrero? (SIM!) Então a resposta é não.

E incluindo Sérgio Britto, a resposta é sim? Você faria uma peça com Zezé Macedo, Zilka Salaberry e Henriqueta Brieba? Qual delas você comeria?

Tô esperando a Nandinha envelhecer, porque ela vai ser a melhor Zezé Macedo do planeta. Ela já tá nesse caminho.

Só pensa naquilo? Você como diretor é um caixas exigente?

Não, ao contrário. Teatro de cê-dê-efe é o pior que existe. Mas é o que rege o teatro no Brasil. Tenta tirar nota dez, mas tira nota quatro e não passa de ano.

O fundamental na direção é dar esporro?

Não. Prefiro tratar os atores carinhosamente.

Sua técnica é a do metteur en scéne. O que é mais importante no teatro de vanguarda: o tamanho do pau ou o prazer que ele proporciona?

A combinação dos dois.

É verdade que você é o diretor mais bem-dotado do teatro brasileiro?

Se você colocar uma câmara fotográfica em cima da minha cabeça, ela se equilibra bem, porque o tripé é de boa qualidade.

Rola mais mulher ou dinheiro no teatro?

Dinheiro? Em teatro no Brasil?

Então você só faz teatro no Brasil porque dá mulher! Você acha que o problema do Moacyr Góes é freudiano? Ele tem inveja do seu pênis?

Nunca vi o teatro do Moacyr Góes. Nem o pênis. Conheço o rapaz, fez um workshop comigo na CAL, mas…

Você não se sente culpado por ter surgido um bando de caras fazendo peças incompreensíveis?

Sinceramente, me sinto culpado. A pior doença de que o teatro brasileiro sofre hoje é o pós-Gerald-Thomas. É o horror! A pretensão! O teatro não tem importância nenhuma. Em lugar nenhum do mundo. Cinema tem, porque dá dinheiro. O Spielberg faz US$ 127 milhões em duas semanas!

Mas você já viu alguma peça brasileira que não achou tão ruim assim?

Eu vou ao teatro todo dia. Não tenho tempo de ver outras peças. Imagina se pra me divertir eu vou ao teatro! Tá louco!

Aonde você vai então pra se divertir ou aprender alguma coisa no Brasil? Sai com o Ítalo Rossi e o Miguel Falabella pra pegar mulheres?

Vou na Rocinha tocar samba.

Vai tocar o quê na Rocinha? Alaúde? Você disse que o teatro não tem importância. Então, tirando o baleiro e mulher pelada, não tem nada de bom no teatro?

No Brasil, não tem muita coisa legal. Fora do Brasil, as pessoas se divertem profundamente. O teatro lá é divertido sem ser pretensioso. Aqui não, talvez até por culpa daqueles que se reportam a mim.

Você disse que só passa três ou quatro dias da semana no Brasil. Nos outros, vai pra onde? Pro Paraguai?                        

Moro em Nova York e dirijo na Alemanha, Praga, Budapeste.

Mas a semana tem sete dias!                                                                                                    

Pois é, meu problema básico é que a minha tem quatorze. Os gregos dividiram errado.

Pelo menos você tem uma boa desculpa pra chegar atrasado no Brasil: “Pô, patrão, tenho que pegar três condução!” Aqui entre nós, você não tem uma criatura em Praga, assim?…

Felícia Kafka. A filha do Kafka. Tem treze anos. (ESPANTO GERAL) Vocês me fotografaram com uma picareta na mão, agora querem a realidade! Top! Top! Top!

É verdade que lá na Alemanha você diz que faz o maior sucesso no Brasil?

Preciso confessar que é verdade. Construí toda uma carreira na Alemanha baseado em ser brasileiro. Eles prestam a maior atenção no Brasil, sabem que aqui a Volkswagen é forte.

Mas no princípio não quiseram ligar você a algum tema exótico, que você montasse Carmen Miranda, Amazonas, essas coisas?

Não, falando a verdade, na Alemanha sou conhecido como diretor americano. Desculpem, mas o Brasil não entra nessa questão.

Na Alemanha, você é conhecido como americano. Nos Estados Unidos, como anglo-brasileiro. E aqui, como teuto-anglo-tijucano?

Como picareta.

Todas as suas peças têm citação em alemão.

O que é isso?! Onde? Qual?

Não sei, eu sempre saio antes da citação.

Em O Processo, por exemplo, a citação é em inglês.

(CHOCADO) Não era alemão? Então não entendi nada mesmo! E lá na Alemanha, você cita pensadores brasileiros, como Zé Trindade, Vicente Matheus?

Não, mas confesso que usei uma gravação que tirei do rádio no Brasil, periga se ser do Afanásio.

Você não acha que esse negócio de judeu ficar fazendo citação em alemão é coisa de crioulo pernóstico?

Não, mas temos uma atração profunda por nossos algozes. Adoro trabalhar na Alemanha por causa disso. Acho maravilhoso ser judeu na Alemanha. Chegar prum alemão de setenta anos num ponto de ônibus e perguntar: “Meu senhor, o que senhor estava fazendo em 1939?”

Esperando esse ônibus!

Só se for da Viação Godot! Eu estava andando na contramão e, claro, a polícia tá sempre onde você acha que ela não está. Era uma rua tranquila, mas a polícia me parou. Me safei com essa: “Desculpe, mas eu sou judeu.” O cara voltou, entrou no carro e foi embora.

O outro policial que tava no carro perguntou: “O que foi, parceiro?” “Nada não, é só um raça…” Vem cá, esse negócio de bissexualismo não é assim… como dizer… coisa de viado?

Que bissexualismo! Sinceramente, se você leva a sério o que a imprensa brasileira publica…

Então você é de vanguarda ou de retaguarda?

(RINDO MUITO) Você tá mal informando sobre as atividades sexuais da vanguarda ou da retaguarda. Já evoluíram a tal ponto que é impossível dizer o que você é. Isso se chama sexo criativo, introduzido pela Madonna no mercado sexológico do mundo.

Se a Madonna introduziu, então é bissexualismo.

Tá cientificamente respondido.

A imprensa publicou também que você falou que todo homem gostaria de ver sua mulher com outro. Falso ou verdadeiro?

Claro que gostaria.

Nessa situação, você dirige ou fica só na plateia?

Imagina, eu teria medo de intimidar o pobre coitado. Ficaria atrás da cortina. Contanto que a cortina fosse pesada o suficiente pra esconder o que subiria ali.

E o teatro pornô? Você dirigiria uma peça de sexo explícito?

Fui ver uma peça dessas em São Paulo e adorei. Era um mijando em cima do outro.

Fui ver uma que tinha fiscal de punheta. Era o lanterninha, que ficava iluminando o colo das pessoas. Na hora em que o cara tava comendo a atriz, um sujeito gritou: “Bota na bunda dela!” O cara parou a peça e chegou na boca de cena, com o pau duro, melado: “Eu exijo respeito!” Pedindo respeito com o pau duro! Acenderam as luzes e não continuaram enquanto o cara não se acusou. Mas o que você vê de positivo no teatro explícito? É que os atores entram mesmo nos personagens?

Acho engraçado porque não tem muito o que interpretar mas eles fazem uma encenação do cacete.

Literalmente.

Kabuki é aquilo lá!

Interpretam até o Kabuki fazer bico! Você dirigiria uma novela de TV?

Se a Globo tivesse a coragem de me chamar, eu teria a coragem de aceitar.

E alguém teria a coragem de assistir? (GERALD FICA VERMELHO DE TANTO RIR) O que você acha da Beth Coelho?

Adoro ela. Foi o melhor homem com quem transei até hoje.

Mas ela não é um coelho na cama?

Porra, o que a gente se reproduzia! Uma loucura!

Aliás, você é conhecido por falar grossura. Além de dirigir ambulâncias, você não foi motorista de táxi também?

A melhor de motorista de táxi foi quando entrei num carro aqui no Rio, o cara me olhou pelo espelho retrovisor e disse: “Pô, te conheço.” “Acho difícil…” “Não, eu te conheço.”

Não foi naquela corrida que peguei até Berlim?

Aí o cara ficou em silêncio. Só me olhando. Fico supertímido ali atrás. Um fusca. Minhas pernas amassadas. Eu suava… Isso do Leblon pra cidade. Chegou no Flamengo, ele ainda tava meio calado. De repente, falou: “Tu já viu uma buceta?” Preciso que vocês imaginem a cena: o fusca, metade do braço do cara pra fora, a outra encostada na minha perna. Aquele desenho do Jaguar, o cara vira pra trás e (COM VOZ GROSSA): “Tu já viu uma buceta?” Tive que responder: (SEM CONVICÇÃO) “É…” Outro silêncio imenso. Quando chega perto da Glória, o cara vira pra mim e fala: “É HORRÍVEL! Eu juro!” As pausas eram monty-pythonianas…

Esse realmente te confundiu com a Maria Bethânia.

Aquele motorista, no final, ainda queria apertar minha mão. Me achou um papo legal superlegal!

Você foi da Anistia Internacional. Foi lá que você adquiriu os conhecimentos de tortura que você aplica nas suas peças?

Realmente, durante um bom período da minha vida fui obrigado a aturar discurso de comunista. Foi uma situação de sadomasoquismo difícil de explicar. Eu até me envergonhava do Brasil. Dividia uma sala com Argentina, Uruguai e México. Argentina – 45.000 desaparecidos. México – 19.000 desaparecidos e 15.000 assassinados. O Uruguai tinha uma população de 3,5 milhões e 600.000 moravam só em Barcelona. O Brasil… então eu inflacionava os meus números!

Mas se comia muita mulher sendo da Anistia, né?

Tá louco! Já viu os tribufus que trabalham nessa área?

Vamos falar de putaria. Afinal, você é um fodeur internacional. Já viu uma buceta, né?

Pra ser sincero, depois que aquele motorista perguntou, comecei a refletir sobre a questão. Não sei se vi uma buceta da forma como ele viu. Então pedi pra umas amigas minhas se eu podia estudar o caso. Aí é que fui ver do que se tratava a coisa: the bearded clam. O mexilhão barbado.

Quer dizer, pra acompanhar, vinho branco. Mas você, que é um cara viajado, notou alguma diferença entre as nacionalidades? É verdade que a eslovaca não lava a tcheca? Como é a croata de uma iugoslava?

(DANDO GARGALHADAS) É muito sérvia, servíssima. A japonesa, por exemplo, é incrível, pelo gemido, pela submissão, pelos grunhidos.

E, afinal, é na horizontal ou na vertical?

Não, é como todas as outras. Depende da posição que você tá e da sua criatividade. Pode até ser diagonal. (OLHANDO PRO HELIO DE LA PEÑA) Agora, me desculpe a raça negra, mas as negras são as melhores.

Hélio – (TIRANDO O CORPO FORA) Tudo bem, tu não vai me comer mesmo.

Gerald – (CONSULTA O RELÓGIO) Não sei, o que você vai fazer e depois dessa entrevista?

Mas por que a crioula é melhor? (GERALD PENSA) Vamos lá, rapaz. Conceitua!

Por causa da… do cheiro e a da umidade.

Você gosta de peixaria?

Rapaz, sou mais parecido com Georges Battaile: acho que cheira a ovo. Se a sua mulher cheira a peixe, leva ela num ginecologista que tá com algum corrimento, tricomonas, alguma coisa assim.

Ou então tá dando pro peixeiro.

As americanas são as melhores do mundo. Uma nipo-negra-americana, portanto, é o máximo! Depois da invasão de Pearl Harbor, tudo é possível.

Qual o máximo de atores que você conseguiu colocar no palco da sua cama?

Quando era adolescente, participei de surubas impressionantes. Uma loucura, um guindaste, um contorcionismo, tudo é possível, de todos os lados. No dia seguinte, você nem sabe com quem trepou. Mas isso na época pré-AIDS. (NOSTÁLGICO) Na minha adolescência, fiz orgias em todos os lugares possíveis. A casa do Hélio Oiticica no Jardim Botânico era uma loucura. Em Londres, então, vocês nem imaginam…

Em matéria de sexo, você fica até o final ou levanta no meio e vai embora, como as pessoas fazem nas suas peças?

(CONFESSIONAL) Já levantei várias vezes.

E quando você é pego em flagrante adultério, você diz. “Calma, querida, calma, isto é como uma peça minha, você não entendeu nada”?

Já fui pego em adultério, mas nunca em flagrante.

Alguma coisa já te chocou em matéria de sexo?

Vou propor uma coisa espantosa: vamos voltar a falar de teatro? Como eu estava dizendo, o Antunes Filho…

Vamos falar mais de putaria. Artes plásticas, por exemplo. Afinal, onde é que o Gerald Thomas costuma molhar o pincel?

(DESESPERADO) Não! Não! Encerra esta entrevista! Não aguento mais!

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