Verso & Prosa

Não basta ser obscuro, tem que louvar o obscurantismo

Postado por Simão Pessoa

Por Mouzar Benedito

(Obscurantismo: tendência política a dificultar o progresso intelectual ou acesso do povo tanto à ciência como às artes, com o fim de explorar suas crendices e superstições).

Não vale a pena lembrar aqui o que fazem e dizem o presidente da República, seus ministros, partidários e seguidores.

O certo é que temos no poder, e sendo aplaudidas e apoiadas por muito mais gente do que seria pensável, pessoas não apenas obscuras, mas que louvam o obscurantismo. Odeiam a cultura, a educação, a ciência, a inteligência, a cordialidade, a arte… E fazem questão de mostrar isso, cotidianamente.

Gostam de sua ignorância, e consideram que gente “normal” tem que ser igual a elas. O diferente merece a morte, na tortura ou na fogueira.

Uma pessoa pode ser “obscura” por falta de condições. Pode não ter tido acesso à educação, à cultura, à “luz”, enfim. Os obscurantistas são ignorantes que louvam a ignorância. E ameaçadores – por enquanto: se puderem vão chegar logo às vias de fato para eliminar a não ignorância, impor sua ignorância.

E isso não está associado simplesmente à escolaridade. Há analfabetos não obscuros e gente metida a estudada e moderna que, esses sim, são, mais que obscuros, obscurantistas. Têm condições de deixar de ser, mas não deixam, nem querem. Se apegam à sua ignorância como sendo a única verdade. E falam como sendo eles as “pessoas de bem”.

Mais uma coisa: Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista, dizia que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. No Brasil, os obscurantistas da propaganda fazem isso direto sem muito esforço: mentem descaradamente e seus seguidores, obscurantistas menores, tratam como verdades absolutas e reproduzem aos milhares nas “mídias sociais” e tornam-se verdades raivosas. Mamadeira com bico de piroca, terra plana, qualquer coisa vira “verdade”. E quem duvida é um canalha. Apresentam-se reformas e decisões governamentais horrorosas para os pobres, mas dizendo que é para o bem deles, e os seus seguidores repetem, repetem e repetem, e até suas vítimas passam a tratar como verdades.

Já que falei em Goebbels, lembro de dizerem aqui que o nazismo era de esquerda. Conheci uma judia bolsonarista, cujo pai tinha tatuado no braço um número que o identificava no campo de concentração. E ela repetiu isso para mim: “O nazismo era de esquerda”.

Coletei por aí umas frases que considero adequadas a esse pessoal. Vamos a elas.

Alice Walker: “Não pode ser meu amigo quem exige meu silêncio”

Shakespeare: A sabedoria e a ignorância se transmitem como as doenças, daí a necessidade de se saber escolher as companhias”.

Goethe: “Nada mais assustador que a ignorância em ação”.

Karl Popper: “Não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos”.

Nicolas Boileau: “A ignorância está sempre pronta a admirar-se a si própria”.

Nicolas Boileau, de novo: “Um idiota sempre encontra um idiota ainda maior para admirá-lo”.

Clarice Lispector: “Os ignorantes são mais felizes”.

Bertrand Russell: “Poucas pessoas podem ser felizes a menos que odeiem alguma pessoa, nação ou crença”.

Ditado popular: “Ao ignorante sempre aborrece o sabedor”.

Provérbio budista: “Há uma ferrugem pior do que todas: chama-se ignorância”.

Miguel Couto: “A ignorância não é só causa de doenças, como doença das mais sérias, comparáveis à microcefalia”.

Miguel Couto, de novo: “A ignorância é uma calamidade pública como a guerra”.

H. L. Mencken: “Mostre-me um puritano e eu lhe mostrarei um filho da puta”.

Confúcio: “Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam”.

Mahtama Ghandi: “Olho por olho, e o mundo acabará cego”.

Provérbio português: “O ignorante é pouco tolerante”.

Provérbio judaico: “O ignorante não pode ser piedoso”.

Oscar Wilde: “Os loucos às vezes se curam, os imbecis nunca”.

Oscar Wilde, de novo: “Não há pecado maior do que a estupidez”.

Getúlio Vargas: “É mais difícil tratar com um burro de má-fé do que com um homem inteligente de má-fé”.

Provérbio japonês: “Quando um sábio aponta para o céu, o ignorante olha o dedo”.

Disraeli: “Conscientizar-se da própria ignorância é um grande passo para aprender”.

Nietzsche: “A fé é ignorar tudo aquilo que é verdade”.

Sófocles: “A ignorância é um mal invencível”.

Napoleão Bonaparte: “As verdadeiras conquistas, as únicas de que nunca nos arrependemos, são aquelas que fazemos contra a ignorância”.

Provérbio português: “A ignorância obra monstros”.

Jair Bolsonaro (exibindo uma camiseta com esse dístico): “Direitos Humanos: esterco da vagabundagem”.

Giordano Bruno: “Ignorância e arrogância são duas irmãs inseparáveis, com um só corpo e alma”.

Amos Alcott: “Ignorar a própria ignorância é a doença do ignorante”.

Malba Tahan: “O interesse que cega alguns, é luz para outros”.

Orson Welles: “É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmo”.

Cícero: “A ignorância é a enfermidade do gênero humano”.

Simon Bolívar: “Um povo ignorante é instrumento cego de sua própria destruição”.

Salomão: “Quem é sábio procura aprender, mas os tolos estão satisfeitos com sua ignorância.

Cesare Cantú: “O ignorante não é um lastro, mas um perigo na embarcação social”.

Marquês de Maricá: “O ignorante espanta-se do mesmo que o sábio admira”.

Buda: “O conflito não entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”.

Isaac Asimov: “Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los”.

Provérbio árabe: “Um dia do sábio vale mais que a vida do ignorante”.

Stanislaw Ponte Preta: “Imbecil não tem tédio”.

Eduardo Galeano: “O medo nos governa. Esta é uma das ferramentas de que se valem os poderosos, a outra é a ignorância”.

Tati Bernardi: “As redes sociais profissionalizaram a imbecilidade. Fofoqueiros e invejosos se acham doutores e a maledicência ganhou ares de debate profundo”.

Einstein: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, sobre o universo ainda não tenho certeza absoluta”.

São Francisco de Assis: “Onde há amor e sabedoria, não tem temor nem ignorância”.

Sobre o Autor

Simão Pessoa

nasceu em Manaus no dia 10 de maio de 1956, filho de Simão Monteiro Pessoa e Celeste da Silva Pessoa.
É Engenheiro Eletrônico formado pela UTAM (1977), com pós-graduação em Administração pela FGV-SP (1989).
Poeta, compositor e cronista.
Foi fundador e presidente do Sindicato de Escritores do Amazonas e do Coletivo Gens da Selva.

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