Por Luiz Felipe Pondé
O que será o homem do século 21? Refiro-me a gênero e não espécie. Mais especificamente o homem heterossexual. Aquele que as mulheres procuram, mas não acham mais à mão. O homem heterossexual é capaz de vida inteligente? Ou ele só pensa em comer a mulherada?
Minha hipótese é de que, à medida que ele ficar mais “inteligente”, menos ele se interessará em comer a mulherada. Mais ele ficará interessado em si mesmo. Mesmo porque a mulherada está bem fácil de comer. Mais ele se perguntará, de fato, “o que eu quero pra minha vida?” – isso em vários momentos da vida.
Essa pergunta masculina terá um efeito tão violento na cultura quanto a emancipação feminina. Casamentos acabarão. Filhos desaparecerão. O mercado de trabalho sofrerá com decisões masculinas que afastarão os homens de carreiras corporativas e os aproximarão de trabalhos com mais sentido e menos estresse. A “opressão” sobre o homem heterossexual vai acabar e, quando isso acontecer, as meninas ficarão bem perdidas em suas certezas desde os anos 1960 do século 20.
Essa pergunta masculina acerca do que ele de fato quer na vida empurrará as meninas para a experimentação lésbica por puro desespero. A conta afetiva do sofrimento masculino com a emancipação feminina finalmente chegou. E será cara. Quem continuar a encher o saco achando que tudo é “culpa do patriarcalismo” será identificada em locais públicos como responsável pelo fracasso da reprodução da espécie.
Eu sei que existe aquela piada sobre como é impossível satisfazer uma mulher e como é simples satisfazer um homem. Basta trazer uma cerveja e vir pelada. Lamento dizer, mas isso nunca foi verdade. Melhor se ela vier vestida de executiva de sucesso com saia justa. Ou vier vestida de enfermeira ou comissária de bordo. Ou, no mínimo, de calcinha e salto alto. Um batom vermelho na boca para ser borrado.
Sim, vai ficar difícil entender nós outros. Difícil também porque o feminismo histérico (aquele que entra embaixo dos lençóis) fez da histeria laço social. E muitos psicanalistas tontos olham e não sabem mais reconhecer a histeria quando ela diz “bom dia, estou aqui na sua cara!”
A emancipação feminina e a histeria (que não são necessariamente a mesma coisa) como laço social obrigaram o homem a “se mexer”. Ele agora é obrigado a assumir vocabulários subjetivos (em homenagem à moçada que curte o Richard Rorty), antes privilégio (ou maldição) do mundo feminino. O homem evoluiu (sim, sou darwinista) num ambiente mais objetivo de caça, mais violento, com menos possibilidade de conversa. Dai ele ser, na maioria dos casos, mais silencioso e travado.
As meninas terão de se esforçar um pouco mais para conseguir um espécime que ache que elas valem algum investimento. Afora aqueles que simplesmente ficarão meio “frouxinhos”, sem saber se aderem ou não à moda trans, querendo ser mais feminista do que a pior das feministas (não tem coisa mais chata do que homem feminista), incapazes de tomar alguma atitude, inseguros, que tremem diante da possibilidade de que alguém os chame de “machistas”, tem também os babacas de sempre que ainda não entenderam que as meninas estão mais bravas hoje em dia.
Na “ponta das meninas”, o fato é que elas estão meio fálicas. E não existe coisa mais chata que uma mina fálica. A espécie seguramente acabará pelas mãos de um “casal” em que ele será um feminista e ela, uma fálica. Deus dirá: “De fato devo sair do mercado criativo, deu errado meu projeto, talvez investir de novo nos dinossauros?”
Existe também a possibilidade (e muitos têm feito isso no Ocidente) de buscar opções mais ao leste da Europa. Uma mina de minas mais doces, carinhosas (além de maravilhosamente lindas), afetivas e atenciosas, ainda não estragadas pelo capitalismo e sua histeria fálica.
A mulher do século 21 que quiser um homem inteligente para ela terá de reaprender a relaxá-lo, em vez de simplesmente acusá-lo de ser “opressor”. Menos histeria e mais generosidade. Menos cobrança e mais cuidado. A mulher livre exige respeito, o homem livre exigirá doçura.
Luiz Felipe Pondé, escritor, filósofo e ensaísta, é doutor em Filosofia pela USP e professor do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da Faap.