Boemia

Ipanema é Povão

Postado por Simão Pessoa

Por Jaguar

Muito se engana quem pensa que Ipanema é só lugar de bacanas, cheio de restaurantes e bares caros e metidos a besta. Confesso que adoro um bom PF e comidas de boteco. Não sou o único: um dos inventores do mito de Ipanema, Tom Jobim, não trocava por nada a dobradinha do Bracarense. Às vezes, botava numa quentinha e ia saboreá-la na Plataforma, com o Alberico e o Zé Lewgoy.

Nos arredores da praça General Osório há vários botecos de responsa, onde se pode almoçar mais barato que uma dose de scotch nos lugares frequentados pelos colunáveis.

No Bar Popeye, na Visconde de Pirajá, quase esquina de Farme de Amoedo, por R$ 4,50 você se empapuça de pernil, frango, peixe ou bife à milanesa. O acompanhamento vem num prato fundo: arroz, macarrão e um senhor feijão com paio e linguiça. Só consegue raspar o prato quem chegar com uma fome de anteontem. O chope da Brahma é tirado no capricho. O lugar é um corredor, não tem espaço para mesas, o pessoal come em tamboretes, junto ao balcão.

Na praça General Osório, ou Gosório, como apelidou Leila Diniz, você tem outra opção: a Adega Rio Nápoles.

Bife rolê com nhoque, lasanha, carrê à mineira, carne assada com talharim e estrogonofe são os carros-chefes. O preço é fixo: 5 paus. Se tiver sorte, você encontra lá os globais Maria Gladys e Antonio Pedro e o marchand Coimbra, que moram na área, e adoram, como eu, jogar conversa fora no fim de tarde.

Mais adiante, atravessando a praça General Osório, em frente à praça Banda de Ipanema, que não chega a ser uma praça, é um pequeno largo na junção das ruas Gomes Carneiro e Prudente de Morais, chegamos ao Zig Zag. O dono é um ex-garçom do Lamas, o Nonato. Oferece um peixe frito de dar água na boca e o bolinho de bacalhau é divino. A cerveja vem tinindo e o sanduíche de bife à milanesa vale por uma refeição.

Você se empanturra de comida e bebida por menos de 5 paus.

Seguindo pela Gomes Carneiro, cruzamos a Canning, onde mora Fernando Sabino, e chegamos a uma galeria no número 138. Ao fundo fica um barzinho com um nome mais do que estranho: Ovo do Dia. Por que o nome? Porque antes era uma loja que vendia ovos e o Dion achou que era besteira bolar outro nome e gastar dinheiro com nova placa.

Dion – que também é um nome incomum – trabalhou no Dom Pepone e no Varanda e comprou o lugar em 86. É o único dos citados que serve as refeições em mesas e não no balcão. Todos os pratos são acompanhados de salada, arroz, feijão e macarrão. Variam de 3 a 5 paus (feijoada, às sextas).

Meu predileto é o frango com quiabo no sábado.

Na Visconde de Pirajá, quase esquina com Teixeira de Melo, tem boteco que só pelo nome já merecia ser citado: o Cidade Invicta, onde sempre dou uma meia trava para meu cafezinho com Underberg.

Mais povão, impossível. E é sempre bom lembrar que a praça General Osório foi o berço da Banda de Ipanema, que ressuscitou o carnaval de rua no Rio de Janeiro e no resto do Brasil.

Adega Rio Nápoles. Rua Teixeira de Melo, 53. Tel. 267-9909. Das 11 da manhã às 11 da noite

Ovo do Dia. Rua Gomes Carneiro, 138, loja 9. Tel. 523-7241. Das 11 da manhã às 4 da tarde

Popeye. Rua Visconde de Pirajá, 181. Das 10 da manhã às 7 da noite

Zig Zag. Rua Prudente de Morais, 10, loja A. Tel. 522-4884. Das 6 da manhã às 10:30 da noite.

Cidade Invicta. Rua Visconde de Pirajá, 111, loja C. Tel. 2521-9971. Das 10 da manhã às 11 da noite.

Sobre o Autor

Simão Pessoa

nasceu em Manaus no dia 10 de maio de 1956, filho de Simão Monteiro Pessoa e Celeste da Silva Pessoa.
É Engenheiro Eletrônico formado pela UTAM (1977), com pós-graduação em Administração pela FGV-SP (1989).
Poeta, compositor e cronista.
Foi fundador e presidente do Sindicato de Escritores do Amazonas e do Coletivo Gens da Selva.

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