Por Robson Franco
Nessa ciranda política que é o toma lá, dá cá entre políticos e empresários, o que acontece nos bastidores deixa qualquer amador de cabelos arrepiados. Não se dá um incentivo ou subsídio de graça, sem ter algum benefício em troca e isso se dá, preferencialmente, através de doação de campanha.
Estamos vendo isso bem mais claramente com os desvelamentos e desdobramentos da Operação Lava Jato e Calicute: nenhuma empreiteira ou empresa vence uma licitação sem pagar propina em forma de doação de campanha, seja ela oficialmente ou no caixa 2.
No Amazonas não é diferente. Os incentivos dados às empresas de transportes públicos seguem a mesma lógica. Há 12 anos que o governo do estado concede subsídios através de redução de ICMS no combustível e no IPVA para que a tarifa não seja majorada a mais do que o tolerável e, algumas vezes, seja mantida.
Essa é uma das contrapartidas das empresas para receber os subsídios, mas jamais cumpriram sequer o que prevê o contrato de concessão e, o que é mais grave, nem mesmo o que acordam as convenções trabalhistas. As inúmeras greves feitas pelos rodoviários é uma prova cabal desse descumprimento.
Quando o governador José Melo resolveu suspender os subsídios acabou, em apenas um ato, duas situações viciosas: o lucro exorbitante dos empresários, tendo em vista que, além dos subsídios, o aumento da tarifa corrige as perdas com inflação e a reposição salarial.
Por outro lado também acaba com o fato de o usuário pagar duas vezes por uma tarifa cara para um serviço prestado de péssima qualidade.
Claro que haverá um ônus ao tomar essa medida, pois o responsável por garantir que os contratos sejam cumpridos e não são, no caso o prefeito, jamais aceitará arcar em conceder o aumento como se a culpa fosse apenas dele. A atitude de jogar a culpa nos outros além de ser o atestado de incompetência, também é falta de hombridade.
Não sei o que é pior: o caos que se instala com o efeito manada, ou a inoperância patente do poder público em vir esclarecer, acalmar os ânimos e buscar uma solução imediata para minorar os problemas!
Assim que incendiaram um ônibus na zona norte, a boataria rolou solta. Testemunhas informaram à polícia que dois homens em uma moto passaram pelo terminal do ônibus 500, no Igarapé do Passarinho e fugiram em seguida. Depois já eram dois ônibus e, como diz o velho ditado: quem conta um conto, aumenta um ponto.
Ouvi comentários de que uma cobradora teria dito aos passageiros que deveriam fechar as janelas, pois estavam jogando coquetéis molotov nos ônibus que estavam circulando.
O Sindicato das Empresas de Transportes do Amazonas (Sinetram) apressou-se em mandar que as associadas recolhessem os ônibus às garagens sem nem pensar em quem as mantém: os usuários!
Estudantes e trabalhadores viram-se perdidos sem ter como voltar para casa. Muitos têm apenas o dinheiro, ou passe estudantil ou vale transporte para voltar para casa e não teriam como pagar os alternativos e executivos colocados à disposição pela prefeitura em regime especial.
Deveria também, orientar para que o fizessem com o preço da tarifa normal e depois responsabilizar as empresas dos ônibus e elas fizessem o ressarcimento das cooperativas e empresas que operam o alternativo e executivo para que a população não ficasse no prejuízo.
Mas não!
A prefeitura prefere responsabilizar o governo do estado e não está nem um pouco preocupada em solucionar os problemas e segue brindando e blindando os empresários do transporte coletivo.
Deveriam conceder o aumento somente após as empresas ampliarem e renovarem a frota para que o usuário espere menos tempo na parada e as viagens tenham um menor tempo de duração.
Melhorar as vias é condição básica e poderiam fazer um estudo para isso.
Dou uma sugestão de grátis: quer acabar com o gargalo da confluência da Djalma Batista, Constantino Nery e Recife?
Transfira a Estação Rodoviária para onde hoje é o Aeroclube e leve o Aeroclube para o Iranduba ou outra área perto do aeroporto Eduardo Gomes.
Retire desde o posto até a rodoviária e ganhará bastante espaço para fazer fluir o trânsito tanto indo quanto vindo da Torquato Tapajós.
Não sou nenhum, engenheiro de tráfego, mas também não sou burro!
Desconfio que essa medida sairia mais barato que fazer um BRT e com menos indenizações milionárias também!
De nada vale colocar um aplicativo se não tiver mais ônibus para atender a demanda da população de Manaus!
É isso!