Por Ivan Lessa
Um grande fabricante de cerveja encomendou uma pesquisa diferente. Não queria saber quanto e que tipo de cerveja o consumidor britânico prefere. Não, senhor. Queria saber a quantas andam as amizades na Grã-Bretanha. O resultado foi divulgado ainda agorinha mesmo e as conclusões devem ser tiradas por quem gosta de tirar conclusões.
Então vamos lá. O cidadão britânico médio tem apenas nove amigos íntimos, aqueles que nós chamávamos de “do peito”. Mas com um senão: desses nove, dois pelo menos já eram, com o passar do tempo.
Os britânicos mais dados, mais chegados, a fazer amizades, são aqueles com menos de 25 anos e os com mais de 65. Nada disse a pesquisa sobre a possibilidade de amigos feitos, digamos, aos 21 anos, completarem aos 77 anos o seu jubileu de amizade.
Outro achado foi aquele que a maior parte de meus amigos ingleses sempre me disse ser a pura verdade, ou seja, o de que a turma do norte do país é a mais aberta a novas amizades.
O que é que separa os amigos no decorrer dos anos? Bem, de uma certa forma pode-se dizer que é aquele eterno problema – no melhor sentido da expressão –, a mulher. Só que num sentido diferente daquele que aparenta ser à primeira vista.
O divórcio é o maior destruidor de velhas e supostamente imorredouras amizades. Faz sentido. John se separa de Mary. Cada um dos dois tem um grupinho de amigos. Após a separação quem fica amigo de quem?
Dá para se manobrar uma amizade com os dois separados, desquitados ou divorciados? Aqui na Grã-Bretanha, tudo indica que é duro. Tanto é que por isso é que as pessoas, na meia idade, têm o menor número de amigos íntimos.
A meia idade é cruel também no sentido de que a morte vai levando embora amigões e amigonas.
No fim da vida, na propalada terceira idade, há um consolo: os aposentados param de trabalhar, mas não de viver.
Amigos são feitos quando descobrem interesses comuns.
Tudo isso eu li no jornal, já que meu círculo de amigos na Grã-Bretanha pode ser contado nos dedos de uma mão.
Mas aguardo o passar dos anos com expectativa.