JUNHO de 1988. Roda de toadas no Bar Chapão, na orla fluvial de Parintins, considerado um dos hot-points do bumbá Caprichoso. A muvuca começou ao meio-dia e já são cinco horas da tarde. Todo mundo chaparral.
A galera no bar lotado está cantando a pleno pulmões a música “Vaquejada”, de Carlos Pato e José Carlos Portilho (“Este ano eu vou / Erguer minha bandeira / Este ano eu vou / Erguer minha bandeira / Eu vou, tu vais, eu vou, eu vou / Eu vou, tu vais, eu vou, eu vou”).
Birita dando no meio da canela. Os participantes do panavueiro cada vez mais alucinados.
De repente, em uma das mesas, Zé Inácio se vira para Mário Jorge e pergunta à queima-roupa:
– Você ainda tem pó aí, parente?
– Tenho! – responde Mário Jorge.
– Mas dá pra nós dois? – insiste Zé Inácio.
– É pouco, mas acho que dá! – explica Mário Jorge.
– Então vamos até o banheiro! – avisa Zé Inácio
A conversa dos dois estava sendo ouvida por um conhecido coiote da pata branca, que estava na mesa ao lado.
O “xis-nove” da Polícia Civil deixou eles se levantarem da mesa, deu um tempo e foi atrás.
Meteu o pé na porta do banheiro, de arma em punho e pegou os dois no flagra… dividindo um simplório Corega, aquele pozinho branco usado para fixar dentadura.
Desconcertado com o vexame, o “xis-nove” enfiou de novo a arma na cintura e saiu do banheiro quase correndo.
Nunca mais deu as caras no Bar Chapão. Ô raça!