Maio de 1979. O almirante Faria Lima, governador do Rio de Janeiro nomeado por Geisel, após a fusão do estado fluminense com a Guanabara, foi o convidado especial do 10º Congresso de Engenharia Sanitária, realizado em Manaus.
Participou da sessão solene de inauguração e, no dia seguinte, deu entrevista lá mesmo:
– Não acredito em congressos e encontros semelhantes. Nada resolvem. Esses técnicos falam, falam muito, só falam, e além de não apresentarem novidade nenhuma para solucionar os problemas, nunca dizem onde está o dinheiro para seus planos e projetos. É só muita conversa fiada.
E não tomou mais conhecimento do progresso.
Passava o dia na pérgula do Tropical Hotel com seu imenso calção “samba-canção”, e um blusão cujos botões jamais encontravam a casa certa.
Havia um passeio para ver o desmatamento da Amazônia, denunciado no Congresso. Não foi lá. Preferiu pegar a lancha do hotel:
– Vou ver mesmo é o encontro das águas.
Um repórter insistiu:
– E sobre os contratos de risco para tirar madeira?
– Para desmatar tudo não é necessário contrato de risco nenhum. No Rio, queimaram tudo e não foi preciso contrato de risco.
O almirante Faria Lima ficou hospedado na suíte presidencial do hotel durante os três dias do congresso. Saneando-se.