Humor

12 de junho. San José

Postado por Simão Pessoa

Por Luis Fernando Verissimo

Quando você ler esta coluna eu já terei sobrevoado as Caraíbas e um bom naco dos Estados Unidos e estarei em San José, ainda tentando decidir se está na hora do café ou do jantar. O que, para os americanos, tanto faz, já que a refeição com qualquer nome seria a mesma.

Lembro da primeira vez que me perguntaram, nos Estados Unidos, se eu queria “hash browns” com meu breakfast. Aceitei, destemidamente. Não imaginava o que seriam, só deduzi que seriam marrom. Eram batatas, mais ou menos “sautée”. Eles comem batatas no café da manhã. O que, de alguma maneira, explica o general Schwarzkopf.

Segundo os nossos precursores, San José é quente e seco. Já houve casos de correspondentes dissolvendo ao sol e de explosão de fotógrafos. Deve-se tomar líquidos e pensar na pátria. Acabaram os jogos treinos e formou-se uma auréola de expectativa em torno da comissão técnica.

Que time entrará em campo na segunda-feira? Outra pergunta: quem ficou tomando conta do Brasil, já que, pelo que se lê, todo mundo está na Califórnia, de comentarista? Imagino o que pensarão os americanos deste país que deve tanto dinheiro e no entanto pode se deslocar assim, em massa, para outro, com suas câmeras, lépitópis e instrumentos de percussão. Estranho, muito estranho.

Há dias eu escrevi que deveríamos pedir a Deus para arrumar a nossa defesa mas claro que era só literatura. Eu não queria me ninguém me machucasse, muito menos o Ricardo Gomes cuja liderança em campo, dizem, compensa suas falhas. Mas o fato é que Deus interveio e escalou o Márcio Santos, como muita gente estava pedindo baixinho.

Outra pergunta retórica que eu pretendo fazer, assim que estiver instalado, é por que, depois de tantos meses de observação e preparação, só aqui foram se dar conta que o Ricardo Gomes tem pouca cintura e velocidade e o Leonardo não marca bem? A seleção continua fazendo descobertas a seu próprio respeito às vésperas do campeonato. Anos de noivado e na porta da igreja descobrem que o noivo é manicure.

Tudo bem. Se eu estiver com ânimo e discernimento para fazer perguntas será sinal de que aterrissamos inteiros e eu ainda não derreti. Ao chuveiro.

Sobre o Autor

Simão Pessoa

nasceu em Manaus no dia 10 de maio de 1956, filho de Simão Monteiro Pessoa e Celeste da Silva Pessoa.
É Engenheiro Eletrônico formado pela UTAM (1977), com pós-graduação em Administração pela FGV-SP (1989).
Poeta, compositor e cronista.
Foi fundador e presidente do Sindicato de Escritores do Amazonas e do Coletivo Gens da Selva.

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