Por Simão Pessoa
Na última sexta-feira, 8, Dia de N. S. da Conceição e de Oxum, o Clube dos Discófilos Fanáticos (CDF) promoveu sua rave anual, com a presença dos titulares do ritmo e da patuleia de convidados especiais. Fazia uma pá de anos que eu não participava do evento. Salvo engano, devo ter participado da esbórnia musical pela última vez em 2016 ou 2017, nem lembro mais, sempre a convite do queridíssimo Lúcio Bezerra de Menezes.
Confesso que nunca tinha participado antes de uma rave, apesar de ouvir histórias de que, nos primórdios do clube, há 30 anos, elas duravam 12 horas seguidas, com cada participante tendo 60 minutos para mostrar e explicar sua seleção musical sobre qualquer tema que lhe desse na telha.
Dessa vez, entretanto, eles haviam optado por um novo formato de tema único (“Merry Christmas” ou “December Songs”) para todo mundo, com cada participante tendo meia hora para vender seu peixe. Sim, teve muitas canções repetidas, incluindo “Stille Nacht”, em inúmeras versões e idiomas diferentes. A versão original é alemã, de 1818, que aqui no Brasil virou a clássica “Noite Feliz”.
Com sua simpatia habitual, Waldir Menezes abriu o evento explicando os critérios para a escolha da melhor apresentação da noite, tanto na votação dos titulares do CDF quanto na votação da patuleia. A ordem de apresentação foi feita por meio de sorteio em tempo real.
Coube ao Osvaldo Frota dar início aos trabalhos – e ele fez uma seleção tão primorosa que acabou sendo eleita a melhor da noite. Entre os hits selecionados rolou “We Wish A Merry Christmas”, com Tony Bennet, uma versão italiana de “Imagine”, com Gino Paoli, “Jingle Bell Rock”, com Dean Martin, e “White Christmas”, com Bing Crosby e Frank Sinatra.
Confesso que achei todas as apresentações extremamente criativas, mas a do Edson Gil me tocou profundamente porque mexeu com minhas mais recônditas lembranças de infância. Falo isso porque ele optou por fazer uma seleção musical não de clássicos natalinos e sim de jingles publicitários que fizeram história na publicidade brasileira, como “Estrela brasileira”, da Varig, “Dezembro vem o Natal”, das Casas Pernambucanas, e aquele anúncio da Olivetti portátil, em que as teclas da máquina vão batendo e imitando as notas de um piano na canção “Noite Feliz”, numa sacação genial do Rogério Duprat.
De qualquer forma foi uma alegria imensa rever Waldir Menezes, Arnaldo Russo, Salomão Benchimol, Edson Gil, Osvaldo Frota, Augusto Menezes, Humberto Amorim e Tio Acram, todos esbanjando bom humor, saúde e vitalidade. Lamentei apenas a ausência do Roberto Benigno, que está auto-exilado em Portugal há quatro anos, e a dos sempre lembrados Expedito Teodoro e Paulinho Monteiro, titulares do CDF, e Tito Magnani, da patuleia gold, que atravessaram para a terceira margem há alguns anos.
Na turma da patuleia, foi muito bom rever e conversar com Aloisio Braga, José Chain, Gebes Medeiros Neto, Luiz Mário Peixoto e Mário Bernadino, entre outros. Sem contar que os mimos ofertados pelos clubistas (um CD com as apresentações de cada um) é simplesmente uma maravilha.
Por uma deferência especial do anfitrião Arnaldo Russo, fui escalado para contar a história do CDF nos últimos 30 anos. Resumir cerca de 400 apresentações musicais em um livro de 300 páginas vai exigir um trabalho de ourivesaria bem delicado. Mas ninguém disse que seria fácil. De qualquer forma, terei o Lúcio Bezerra de Menezes, que tem uma memória privilegiada, como parceiro de odisseia. Vida longa ao CDF!
É sempre agradável de ler o amigo, que consegue expressar em palavras o que nos sentimos no coração…feliz Natal meu Amigo.
Muito bom compartilhar com o amigo noite tão especial! Grande abraço!
Belíssimo registro! Foi uma noite agradabilíssima para todos nós.
Maravilha de relato! Prosa saborosa. É quase como estar lá. Obrigado 🙏🏽
Você podia publicar aqui as playlists da noite, para que todos tenhamos um natal CDF!