Por Luis Fernando Verissimo
O manual de instruções do Itamaraty para quem vai à Copa nos Estados Unidos não abordou uma questão vital: a dos ovos. Como se sabe, o “breakfast” é o responsável pela proeminência dos Estados Unidos no atual cenário mundial. Os americanos devem sua civilização e seu progresso ao “brekfast”. Mais especificamente, aos ovos da manhã.
Antes dos americanos começarem a conquista do seu território, o desjejum da humanidade era uma coisa singela. Café, leite, pão, talvez um queijo prato. Para enfrentarem a tarefa da conquista, derrotarem os índios e os mexicanos e chegarem ao Pacífico, os americanos começaram a acrescentar calorias ao seu café da manhã. Bacon, cereais, às vezes até bifes e batatas. E ovos. Muitos ovos. Foram os ovos que abriram as fronteiras americanas para os pioneiros, foram os ovos que desbravaram o Oeste selvagem.
Conquistando o Pacífico, havia calorias de sobra. O “breakfast” reforçado já era uma instituição irrevogável, a nação não sabia o que fazer com tanta caloria acumulada. Por isso construíram o país pujante que todos conhecemos, levaram civilização para além das suas fronteiras e continuam até hoje a dominar economicamente o mundo. E não param de crescer. São os ovos.
Nos cardápios do legendário breakfast que os brasileiros encontrarão nos Estados Unidos, lá estão eles em todas as combinações. Os heróis nacionais. Eggs. Pronuncia-se “egs”. Mas não basta pedir “egs”. A garçonete de cabelo laqueado perguntará: “Rowdoyowantyoreggs?” Como você quer seus ovos?
O ovo essencial, o ovo dos pioneiros, era o ovo frito. “Fried eggs”. Mas, com o passar do tempo, as opções se multiplicaram. Hoje os ovos podem ser mexidos (“scrambled”, não “mixed”), e estrelados na água (“poached”), misturados com tomates, pimentão e outras coisas inimagináveis (“huevos rancheros”, em bom californês) quentes (“soft-boiled”, e aí você terá que especificar se quer de dois ou três minutos, pode ser uma negociação difícil) ou…
Mas o assunto é vasto e importante e continua amanhã.