Funerária Almir Neves – Em depoimento exclusivo numa tábua de Ouija, o presidente emérito do Club dos Terríveis, o finado Fran Pacheco (R.I.P.), revelou em tom embargado que foi abusado repetidas vezes por uma tribo inteira de índias icamiabas, durante a conquista do Acre.
“Foi um pesadelo de dominação-submissão do qual nenhum homem deveria acordar”, soluçou entre um chope e outro, mostrando a título de prova material cicatrizes de arranhões nas costas e um muiraquitã em forma de tracajá, supostamente autografado pelas guerreiras ninfômanas.
“Foi o próprio Plácido de Castro quem me resgatou do cativeiro”, relatou Pacheco. “Nunca o perdoei por isso.”
Perto de comemorar seu sesquicentenário (embora não confirme a idade), Pacheco também fez outra revelação bombátisca: “Gertrude Stein queria casar e ter filhos comigo”.
A patronesse de 10 entre 10 artistas expatriados na Paris dos Anos Loucos o teria adotado como “mascote” e até rascunhado, embevecida “A Autobiografia de Fran Pacheco”.
“Problema é que seria uma relação muito à frente do nosso tempo”, ponderou. “Ainda não havia inseminação artificial e nem três garrafas de brandy me faziam encarar o dragão”.
No fim, como todos sabem, Gertrude ficou mesmo com Alice B. Toklas.
Aproveitando tão dolorosa oportunidade, Pacheco mandou avisar que aceita convites para exumar a carreira, que anda meio enterrada. “O que vier eu topo”, diz.
Vale comercial se autossacaneando, confinamento em reality show evangélico e até mesmo posar em revista de radiologia.
“Renato Russo anda me passando todos os macetes de como manter a carreira a mil no post-mortem”, confidenciou.
Não está descartado um reencontro da formação original do Club dos Terríveis para uma nova turnê de stand-up, cujo título provisório seria “Pega Aqui no Meu Incentivo Cultural”.
Com tantas bandas-zumbis à solta por aí, nada como a volta dos verdadeiros mortos-vivos para dar um sopro cadavérico em nossa cena artística.