Pai do músico Pedrinho Ribeiro, o velho Pedro só usava cuecas “samba-canção” porque, segundo ele, “gostava de criar o bicho solto”. Daí, que depois de uma pequena apresentação em Belém, o músico resolveu presentear o pai com meia dúzia de moderníssimas cuecas Zorba, modelo slip, até então uma verdadeira novidade em Parintins.
No dia seguinte, Pedrinho acordou com os gritos de sua mãe, dona Marilza, discutindo asperamente com seu pai, no quarto do casal:
– Mas Pedro, não é desse jeito!… Não tás vendo que não é assim, criatura?… Ô, Pedrinho, vem aqui ensinar teu pai a vestir direito essa coisa…
Pedrinho entrou no quarto. Seu Pedro insistia em usar a abertura da cueca para colocar o passarinho pra fora, mas estava achando aquilo meio esquisito.
– Olha, pai, essa abertura aí a gente só usa quando vai mijar! – explicou o músico. – Coloque a besteira dentro da cueca virada pro lado esquerdo!
Seu Pedro seguiu as instruções do filho. Não gostou.
– Ficou que nem uma xereca de mula parida, com os colhões prum lado e o pau pro outro…
– Bom, então experimente colocar a besteira pro lado direito, junto com os colhões! – explicou Pedrinho.
Seu Pedro seguiu as instruções do filho. Não gostou.
– Ficou apertando os colhões demais da conta e dando uma dor da moléstia…
– Bom, então experimente colocar a besteira pra cima, no rumo do umbigo! – insistiu o músico.
Seu Pedro seguiu as instruções do filho. Não gostou.
– Não vai dar, rapaz, não vai dar… Essa porra vai ficar o tempo todo de pescoço pra fora…
– Olha, pai, então o jeito é o senhor colocar a besteira pro rumo de baixo…
Seu Pedro se encrespou:
– Vamos parar por aí, vamos parar por aí… Negócio de pomba no rumo do cu não vai dar certo… Ainda mais que eu posso acabar sentando em cima dela…
E, na mesma hora, devolveu a coleção de cuecas Zorba para o filho.
Pelo visto, o velho Pedro tinha uma besteira do tipo king size.