Depois de muitas idas e vindas, o folclórico homossexual Gaguita, uma das lendas vivas de Parintins, aceitou Jesus e entrou para a Igreja Evangélica Pentecostal Chama Divina. Alguns meses depois, sabe Deus como, operou-se um milagre e ele se casou com uma recatada fiel da igreja, sob as bênçãos do pastor.
Um determinado dia, trajando aquela roupa típica de mórmon (camisa branca, calça preta e gravata), Gaguita ia andando com o pastor de sua congregação em mais uma missão evangelizadora pela periferia de Parintins quando alguns moleques começaram a zoar:
– Êi, Gaguita, não adianta você ficar desfilando todo mauricinho com a Bíblia embaixo do braço porque tu é fresco e todo mundo sabe!
– Gaguita tu é um tremendo qualira!
– Gaguita, mana, não existe ex-viado!… Tu vai morrer viado, bicha velha!
– Vem chupar meu pau, Gaguita, que depois meto até os ovos no teu botão de couro!
Desconcertado, o pastor indagou o parceiro:
– Irmão Jailson, o senhor ainda é homossexual?
– Claro que não, pastor! – garantiu Gaguita. – Desde que encontrei Jesus, eu parei de queimar a rosca. Antes, eu vivia num mundo de pecado, pastor! Só queria saber de levar pica o dia todo! Mas agora, não! Agora, eu estou curado e nunca mais dei meu rodisclei pra ninguém!
– Pois então vá lá fazer aqueles curumins lhe respeitarem! – determinou o pastor. – Bata na cara de cada um deles, pra eles nunca mais ficarem fazendo mau juízo de você…
Gaguita se aproximou da turma e começou a distribuir tabefes carinhosos nos braços, nos ombros e na barriga de um dos moleques.
O pastor, vendo a tibieza do discípulo, resolveu incendiar o circo:
– Bata na cara e com força, irmão! Bata na cara e com força, pra esse moleque aprender a lhe respeitar!
– Eu não posso, pastor! Eu não posso!… – devolveu Gaguita, nervosíssima.
O pastor, já ficando impaciente:
– Por que você não pode, irmão Jailson?
E Gaguita, entregando os pontos:
– Ah, pastor, é que ele é tão bonitinho…
O pastor expulsou Gaguita da igreja na mesma hora.