Balangandãs de Parintins

Jorge Aragão e a festa xipuara

Postado por Simão Pessoa

O CANTOR, sambista, instrumentista e compositor Jorge Aragão nasceu no Rio de Janeiro no dia 1º de março de 1949, onde reside atualmente. Suas criações fizeram enorme sucesso e foram cantadas por Alcione, Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Beth Carvalho, entre outros grandes nomes.

Nascido e criado em Padre Miguel, subúrbio do Rio de Janeiro, Jorge Aragão aprendeu a tocar violão sozinho, de ouvido, com apenas 10 anos. Com um talento nato, ele também aprendeu, sozinho, a tocar cavaquinho e guitarra.

Como era difícil viver só de música, o jovem precisou ter uma série de profissões antes de conseguir se dedicar exclusivamente à sua paixão. O compositor foi corneteiro da Aeronáutica, carregador de geladeiras, vendedor de uma marca de calçados, técnico de ar condicionado e atuou até cronometrando corrida de motos.

Jorge Aragão foi durante a juventude músico de baile e acabou por integrar a Ala dos Compositores do bloco de carnaval carioca Cacique de Ramos. Ele também chegou a fazer parte do grupo de pagode Fundo de Quintal, tendo gravado com o grupo o primeiro LP do Fundo de Quintal, mas logo depois decidiu deixar a banda para seguir carreira solo.

Em 1987, Jorge Aragão acompanhou Martinho da Vila em viagem para Angola onde tocou cavaquinho. No mesmo ano, fez uma participação na Globo onde atuou como comentarista do carnaval do Rio de Janeiro. Ainda em parceria com a Globo, em 1992 criou a vinheta para o carnaval Globeleza.

Em 1995, a convite do empresário amazonense Murilo Rayol, Jorge Aragão conheceu o Festival de Parintins e ficou encantado com a performance do Garantido – para desgosto de Murilo Rayol, que era torcedor fanático do Caprichoso.

No ano seguinte, em parceria com a empresária Ana Paula Perrone, Jorge Aragão criou a toada “Parintins pro mundo ver”, que se tornou um dos hinos da Baixa de São José:

– Nosso boi, nossa dança xipuara / caiu no mundo, está mostrando a nossa cara / atravessou pro outro lado do oceano / ficou famoso meu valente boi de pano / que era só na velha Tupinambarana / que se apoiou na fé do Seu Waldir Viana / mostra pro mundo seu folclore como é / na Baixa do São José / Macio feito pelo de coelho / meu boizinho é todo branco / só na testa tem vermelho / é perigoso porque rouba coração / por isso é o boi do povão / Sou Garantido, sou vermelho, ê / de Parintins pra todo mundo ver / vem me ver, vem me ver.

O sambista carioca conseguiu pegar o espírito da cultura parintina e virou um dos ídolos do touro branco.

Sobre o Autor

Simão Pessoa

nasceu em Manaus no dia 10 de maio de 1956, filho de Simão Monteiro Pessoa e Celeste da Silva Pessoa.
É Engenheiro Eletrônico formado pela UTAM (1977), com pós-graduação em Administração pela FGV-SP (1989).
Poeta, compositor e cronista.
Foi fundador e presidente do Sindicato de Escritores do Amazonas e do Coletivo Gens da Selva.

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