Por Mauro Santayana
Fui apresentado ao Rubem Braga por Hermenegildo Chaves – o lendário Monzeca, de Belo Horizonte – quando começava a trabalhar como jornalista. Rubem procurava um parceiro em Minas, para colaborar na redação de um “Almanaque da Literatura Brasileira”. Meu trabalho, ele me disse, era simples: selecionar uns vinte escritores mineiros de todos os tempos, escolher pequeno trecho de cada um, resumir sua biografia e fazer breve ensaio crítico.
Trabalhei duro, com a ilusão de que iniciaria uma carreira promissora de escritor. Seis meses depois procurei o Rubem no Rio, com o texto debaixo do braço.
– O que é isso? – perguntou-me, na certa assustado com a perspectiva de que eu lhe lesse um romance.
– É o almanaque! – respondi.
– Do Capivarol? Ou da Saúde da Mulher?
– É o Almanaque da Literatura Brasileira, a parte de Minas – expliquei.
– Boa ideia essa que você teve…
– Mas foi você que pediu que eu fizesse a parte de Minas…
– Ah, foi? Eu devia estar bêbado, eu só tenho boas ideias quando estou de fogo. Mas como a ideia é boa, deixa isso aí. Só faltam os outros vinte e pouco estados…
Deixei. E nunca mais falamos no assunto.