Por Marcos de Vasconcellos
Pitigrilli era o pseudônimo do médico e novelista italiano Gino Segre, nascido em 1893, amante de narrações escabrosas, sensacionalistas e – coisa rara nestes tempos duros – gostava de uma mulherzinha no original, com todos os petrechos e atributos naturais.
Anos 20, Pitigrilli era correspondente do jornal milanês Corriere della Sera (Correio da Noite) em Paris e foi encarregado pelo editor de entrevistar um jovem médico que tinha assassinado, provavelmente por motivos alheios à sua vontade, quatro moças e, dada a torpeza dos motivos alegados pela Suretê e pela Justiça francesa condenado à guilhotina. Tal episódio causou uma comoção mundial como no caso de Caryl Chessman, Dreyfuss, Sacco e Vanzetti, os Rosemberg, Bruno Hauptmann, etc.
Na véspera da operação que separaria para sempre a cabeça do assassino do corpo, Pitigrilli se engraçou por uma parceira e foi cuidar da vida de ambos no seu cadafalso pessoal no Quartier Latin. Entregue aos combates de Eros, acabou perdendo o guilhotinamento do mancebo.
Mas, repórter cioso, mandou a longa reportagem sobre o que ele chamou de “crime do Estado”: o assassino de um homem por provas meramente circunstanciais.
O Corriere della Sera, jornal de Eugênio Torelli, mantendo suas tradições liberais da “Destra”, estampou, num furo mundial, a notícia berrada na primeira página.
Foi furo mesmo. A pena de morte tinha sido comutada. O suposto guilhotinado continuava vivinho da silva.
O uso da guilhotina continuou na França ao longo dos séculos 19 e 20, até sua última execução em 1977.
Foi na prisão Baumetes, em Marselha, na França, que a guilhotina foi usada pela última vez, no dia 10 de setembro de 1977.
Nesta data, ocorreu a execução do imigrante tunisiano Hamida Djandoubi condenado por assassinato.
Em setembro de 1981, a França proibiu a pena de morte, abandonando assim a guilhotina para sempre. Há um museu dedicado à guilhotina em Liden, na Suécia.