Por Agamenon Mendes Pedreira
Vida de político no Brasil tá difícil. Os caras são perseguidos pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo juiz Sérgio Moro, pelo juiz Vallisney, pelo juiz Marcelo Bretas, pela Receita Federal, pela Interpol, FBI, KGB e até pelo Mossad. Isso para não falar dos advogados, vendedores de joalheria, gerentes de banco e pelo povo na rua em geral. E agora, pra completar esse inferno, vem esse listão da Odebrecht.
Puxa vida, não foi para isso que eles fizeram caixa dois na eleição. E pior, se continuar desse jeito, eles vão ter que trabalhar.
Com medo de entrar em extinção, mesmo porque não conseguem se reproduzir em cativeiro, os mais de 30 partidos políticos brasileiros já entraram com um pedido de proteção no IBAMA e no WWF. Animal selvagem, que se alimenta da caça, pesca e coleta de propinas, o Politycus brasiliensis era topo da cadeia alimentar. Não tinha predadores. Eles alegam que, se não tiver anistia do caixa dois, vai haver um desastre ecológico nas estatais brasileiras pior que o da Samarco no ano passado. Tem muito mais lama.
Em defesa de causa própria, os políticos querem legalizar o caixa dois de campanha. Tem que separar os políticos honestos (que apenas desviaram dinheiro público para fazer campanha, se eleger e roubar com mandato) daqueles maus políticos (que roubaram direto em causa própria). Eles dizem que é preciso separar as joias do trigo: usar o trigo para fazer uma grande pizza e colocar as joias num cofre da Suíça.
Apavorados, os políticos passam o dia inteiro trancados no Congresso. Não podem nem sair para caçar as piranhas de Brasília. Estão se alimentando de verba do gabinete, que, por sinal, não está acabando. Aquilo lá parece o Titanic depois que bateu no iceberg: ninguém se entende e não vai ter caixa dois para todo mundo sair boiando.
Político brasileiro não pode mais nem dormir em casa com a mulher. A patroa já avisou que não quer acordar às 6 da matina com a PF batendo na porta de casa. Faz mal pra cútis.
(*) Agamenon Mendes Pedreira é inocente como a gente.