Por Marcos de Vasconcellos
Inaugurava seu hotel em São Paulo. Para o evento convocou a família – mulher e filhos –, altas autoridades civis, militares e eclesiásticas, além do numeroso bando de amigos ao qual incorporou profissionais de luxo, mocinhas arregimentadas nas melhores casas do ramo, no Rio e em São Paulo.
No dia da inauguração, o hotel fervilhava. Centenas de pessoas – criados, gerentes, relações públicas, recepcionistas, convidados, jornalistas, fotógrafos, tele visões, bandas, orquestras, conjuntos, cantores – espalhavam-se pelos mil espaços do grande hotel.
Lá pelas tantas, chegou a hora da bênção e o padre, já paramentado, aguardava a chegada do dono que desaparecera sem deixar vestígios, meio à multidão; convocaram-no pelos alto-falantes. Nada.
A mulher e o séquito de participantes da cerimônia, foram procurá-lo. Depois de quase uma hora de busca, acharam-no.
Estava num dos bares da casa, propositadamente o mais escondido, no maior porre e cercado de amigos igualmente bêbados e agarrado com duas gatas de aluguel, partes à mostra.
Diante da mulher, filhas, filhos, padre, sacristãos, convidados, todos perplexos, curou-se-lhe o pileque imediatamente. Suas últimas palavras:
– Eu juro por Deus que não estou aqui!